Atléticas se unem em combate à corrupção

As 20 maiores atléticas da cidade formam entidade para fiscalizar esporte universitário

Diante da má administração da Fupe (Federação Universitária Paulista de Esportes), das denúncias de corrupção e do endividamento por má gestão, os estudantes e a Seme (Secretaria de Esporte, Lazer e Recreação) se uniram para a formação de um grupo que altere o cenário do esporte universitário.

Formado por atléticas de áreas de conhecimento diferentes, o G20 surgiu de conversas entre os estudantes e a Secretaria. Guilherme Ruggiero, presidente da atlética da Poli, conta que em virtude do desconforto com a má estruturação da Fupe, “resolvemos [Seme e estudantes] começar a chamar as atléticas mais representativas para formar um grupo, chamado de G20, para discutir a situação do esporte universitário, o que a gente iria fazer com a Fupe e com todo o resto”.

Essa organização estudantil, que ainda está se formando, “além de trazer discussão e ajuda mútua, deve ser um posicionamento político. Esse vai ser o grande trunfo por enquanto. O que a gente [estudantes] precisa é de força política”, diz Guilherme. Segundo ele, muitas vezes os gestores do esporte universitário não compreendem as dificuldades dos estudantes e impõem condições que não são parte da realidade dos mesmos.

Presidente da atlética da Poli defende fundação do G20 (foto: Letícia Mori)
Presidente da atlética da Poli defende fundação do G20 (foto: Letícia Mori)

Nesse sentido, conta o presidente da atlética da Poli, o campo de atuação do G20 é o mesmo da Comissão de Presidentes da Fupe, mas este não cumpre suas obrigações principais: discutir o papel do esporte universitário e representar todas as atléticas. “A Fupe perdeu o papel de representação. Há um cansaço na relação dos mantenedores e das atléticas com a Fupe e hoje ela tem apenas uma função cartorial”, relata o Secretário de Esportes da cidade de São Paulo, Walter Feldman.

O G20, porém, não é um órgão oficial. O grupo não pode representar as atléticas em reuniões com a CBDU (Confederação Brasileira do Desporte Universitário), por exemplo. Mesmo assim, o G20 conta com o importante respaldo político da Secretaria Municipal. Para Feldman, “a Seme apóia qualquer nível de organização de representação dos estudantes. O que não aceita é o uso da instituição [Fupe] para outra finalidade. A idéia é abrir as portas para o G20 e para os alunos.”

Outro ponto que fortalece o G20 é que, por se tratarem de 20 grandes atléticas, não há um campeonato tecnicamente forte sem elas. Isso diminui a visibilidade da competição, o que gera problemas para obter patrocínios, por exemplo. Mesmo sendo as maiores atléticas, existe espaço para todas que quiserem aderir e contribuir para o movimento, segundo Ruggiero. Ele explica que o único critério para se vincular é a seriedade; quem for participar não vai apenas observar as reuniões, deve acrescentar.

Embora o G20 se oponha à Fupe, este reconhece que o problema da federação não é o conceito da entidade, e sim a má administração que foge ao estatuto. Para o presidente da atlética da Poli, essa questão está enraizada de tal forma que a única solução seria uma tomada da administração da Fupe pelos estudantes, uma vez que não se pode esperar uma atitude da esfera pública. Ainda segundo Ruggiero, se as atléticas desejarem mudanças no esporte universitário, terão que agir por conta própria.

Entretanto, esse é um ponto de divergência no G20 que ainda será discutido. Isso porque dentro do grupo existem pessoas que acreditam ser necessário, primeiramente, formar um estatuto próprio e somente depois pensar em outras ações.

Errata

Na edição impressa do JC 343, o nome da Secretaria de Esporte, Lazer e Recreação foi erroneamente grafado. E Walter Feldman é, na verdade, secretário de Esportes da Cidade de São Paulo. As duas alterações já foram feitas na edição digital.