Cultura: programas buscam incluir periferia

Expandir cultura feita nos centros para toda a cidade não “faz sentido”, diz professora

Propostas

Anaí Caproni (PCO)

Não encontramos no programa da candidata propostas para a área de cultura da cidade.

Ciro Moura (PTC)

Não encontramos no programa do candidato propostas para a área de cultura da cidade.

Edmilson Costa (PCB)

O candidado propõe a criação de uma emissora pública de televisão de caráter cultural, uma rádio municipal, TVs e rádios comunitárias e pontos de mídia nos bairros de São Paulo, criando um contra-poder nas áreas da informação e da cultura paulistana.

Geraldo Alckmin (PSDB)

O ex-governador de São Paulo pretende criar a Agência de Desenvolvimento da Indústria Criativa de São Paulo, para fomentar os mercados editorial (livros e jornais), audiovisual (televisão, rádio e filme), musical, de arte, design e moda, publicidade e relações públicas, arquitetura, novas tecnologias de comunicação e informação.

Gilberto Kassab (DEM)

O atual prefeito da capital paulista pretende implementar o Projeto Reviver o Centro, através da construção da Praça das Artes e da Escola de Circo Piolim, sem contar a restauração dos edifícios do Conservatório, Art Palácio, Sampaio Moreira e Esther.

Ivan Valente (PSOL)

O prefeiturável deseja romper a dicotomia produtor/espectador através da criação e ampliação das escolas livres de música, artes cênicas, audiovisual e uma política de oficinas e cursos em bibliotecas públicas, CEUs e na rede de escolas municipais.

Levy Fidelix (PRTB)

Não encontramos no programa do candidato propostas para a área de cultura da cidade.

Marta Suplicy (PT)

A ex-prefeita da cidade afirma que irá revitalizar e ampliar a Lei do VAI, que financia atividades culturais na periferia de São Paulo, e fomentar a realização de filmes, peças de teatro, espetáculos de dança e a criação de pontos de exibição pela capital. Além disso, propõe a criação de um consórcio artístico-cultural na região metropolitana da capital.

Paulo Maluf (PP)

O candidato, ex-governador do estado e ex-prefeito da cidade, propõe a expansão do lazer e da cultura para áreas periféricas da cidade, abrindo as escolas nos finais de semana e incentivando um processo embrionário que permita aos moradores atuar em suas próprias comunidades.

Renato Reichmann (PMN)

Não encontramos no programa do candidato propostas para a área de cultura da cidade.

Soninha Francine (PPS)

A vereadora de São Paulo pretende aumentar o número de bibliotecas, teatros, cineclubes e casas de cultura. Proteger o patrimônio cultural, garantindo a sobrevivência de manifestações da cultura urbana, como o grafite, o hip-hop e o break.


Cultura (ilustração: Cogumelo/FAU)Análise

Proposta comum aos candidatos,o maior acesso à cultura, com a criação de bibliotecas e centros culturais, é criticado pela professora da Escola de Comunicações e Artes da USP, Lúcia Maciel Barbosa. “Democratizar não é apenas aumentar os equipamentos de cultura. O simples encontro entre público e obras não é garantia de aumento de práticas culturais”.

Segundo Lúcia, é preciso atuar em outras dimensões do sistema, além do acesso aos eventos culturais. A Secretaria Municipal de Cultura fechou bibliotecas pela ausência de público. “Isso é significativo para pensarmos as propostas de aumento dos equipamentos sem políticas voltadas para a mediação entre a produção e o público”, diz.

Quase todos os candidatos querem dar condições para que os moradores da periferia façam parte do processo artístico-criativo. Lúcia considera isso um erro, já que essa região cria circuitos próprios e alternativos. “A idéia de que a cultura é feita nos centros e o poder público deve levá-la às periferias não faz sentido”.

Analisando o atual quadro artístico, a professora destaca as novas tecnologias que revolucionam a questão dos direitos autorais e do acesso às obras, ligando o local e o global. Com o sistema de produção cultural em crise, algumas propostas são anacrônicas. É o caso da editora e gravadora públicas que fazem parte das propostas de Ivan Valente.

O Estado deve criar meios para subsidiar a cultura advinda da sociedade, dando-lhe mais espaço de manifestação. Lúcia acredita que o governo deve atuar para que políticas culturais emanem do povo. “As políticas públicas devem fomentar circuitos já existentes, abrir canais para essa produção que pipoca cidade afora, fortalecendo os intercâmbios”. Para isso, é preciso pensar a cultura como uma cadeia, indo da produção até a divulgação das obras.

Para a pesquisadora, o Fundo Municipal de Cultura, proposto por Marta Suplicy, deve ser fortalecido, para que, dessa forma, haja verba para o investimento direto da Prefeitura. “As leis de incentivo são um instrumento interessante de financiamento, mas não podem ser o único”.