Kassab confirma liderança na USP

Candidato do DEM recebe 76,9% dos votantes de Alckmin; Marta lidera intenção de votos entre estudantes de humanas com 42%

Se o segundo turno das eleições municipais dependesse apenas dos eleitores da USP, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) estaria reeleito. O Jornal do Campus sondou as intenções de voto na Cidade Universitária e revela que Kassab lidera com 44,3%, contra 31,4 % de Marta. Os votos nulos somam 17,4 %.

O JC perguntou a 443 pessoas qual foi o candidato votado no primeiro turno e a intenção de voto para o segundo. A sondagem, com rigor científico, nos dias 8, 9 e 10 de outubro, contemplou proporcionalmente todas as unidades e categorias que constam no Anuário da Universidade. A análise estatística foi do professor Sérgio Wechsler, do Departamento de Estatística do IME.

A liderança na sondagem reafirma o bom desempenho do atual prefeito na Cidade Universitária. Pelo levantamento do JC, ele obteve 27,1% dos votos no primeiro turno, enquanto Marta recebeu 21,4%.

Segundo Rogério Arantes, professor do Departamento de Ciência Política da FFLCH, o cenário do segundo turno, com raras exceções, se estrutura rapidamente. No entanto, a mudança no tom e no rumo da campanha de Marta desde o começo da propaganda do segundo turno pode ter impacto negativo.

André Singer, cientista político da FFLCH, explica que o segundo turno dá continuidade ao processo eleitoral, mas constitui uma nova configuração do jogo político. “A idéia é que o voto no primeiro turno retrate as correntes de opinião da população, independente da posição do candidato na corrida eleitoral. No segundo, é preciso reorientar o voto de acordo com as chances reais dos dois majoritários”.

Transferência de votos

O fator determinante no segundo turno é atrair os eleitores de quem não passou da primeira etapa. Dos uspianos que votaram em Geraldo Alckmin (PSDB), 76,9% pretendem votar em Kassab. Marta possui a preferência de 51,6% dos votantes de Ivan Valente (PSOL). Os votos da candidata Soninha Francine (PPS) dividiram-se entre Marta (28%), Kassab (22%) e o voto nulo (34%).

Singer explica que os eleitores de São Paulo tendem a orientar o voto de acordo com a sua posição ideológica. Ele diz que o posicionamento entre a direita e a esquerda é útil para estruturar a competição eleitoral entre os partidos, e que os eleitores tendem a segui-lo intuitivamente para definir seu voto. Para ele, as identidades ideológicas são pré-disposições que, assim como a posição social, a escolaridade e a avaliação de governo, determinam a conjuntura eleitoral.

Arantes ressalta que a campanha de Kassab foi bem sucedida porque foi direcionada para o eleitor de centro e se ligou ao PSDB a ponto de causar confusão no público sobre quem era o candidato tucano.

Segundo ele, o eleitorado de Soninha se dispersou porque é um voto ideologicamente menos formatado. “É um eleitorado mais heterogêneo e eclético. Ela mobilizou valores que não têm posição clara na divisão direita e esquerda”. Ele diz que o eleitorado de Ivan Valente tem um perfil mais ideológico e definido, por isso mantém sua posição à esquerda e vota na Marta. Quanto ao voto nulo, Arantes explica que o baixo teor desse voto entre os funcionários da USP se deve a maior necessidade de aproveitar o voto, porque utilizam mais os serviços do governo. “Eles vivenciaram as mudanças nos serviços da cidade durantes as antigas gestões”, diz.

O voto em cada área

Divididos por áreas de conhecimento, de acordo com o Manual da Fuvest, os únicos alunos que apresentam resultado diferente da pesquisa geral são aqueles que estudam na área de humanas. Nesse segmento, a candidata Marta vence com 41,9% das intenções de voto, contra apenas 28,9% de seu adversário do DEM. Os votos nulos aparecem com 22%.

É nas ciências exatas que o prefeito Kassab obtém seu recorde de intenções de voto. Ele bate a ex-prefeita com 67,7%, enquanto ela soma apenas 17,2%. Esses estudantes apresentam também a menor taxa de indecisão, de apenas 1%.

Já os alunos de biológicas apresentam os maiores resultados de votos nulos, 23,2%. São também os que menos votam na candidata do PT, Marta Suplicy com 10,7%.