Universidade adere à educação a distância

Universidades oferecem cursos não presenciais para suprir deficiências da rede pública

A USP, junto à Unesp e à Unicamp, oferecerá cursos de graduação e pós-graduação a distância a partir de 2009. Em parceria com a Seesp (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo), as universidades preparam os novos cursos para atender à demanda na área da educação. São dois projetos que ocorrem paralelamente, um voltado para a formação de professores e outro para a especialização dos profissionais da rede de ensino estadual.

Uma das principais críticas em relação a esse tipo de ensino é a questão da qualidade. Segundo a responsável pela área de Educação a Distância da Seesp, Maria Alice Pereira, “a gente precisa se preocupar com a qualidade do curso e não com a modalidade. A educação presencial não é, necessariamente, sinônimo de qualidade”. No Brasil, há uma defasagem no número de professores dedicados ao ensino básico e certo atraso na qualificação daqueles que já exercem a profissão.

Novo modo de qualificar

Os cursos de especialização visam melhorar o desempenho do corpo docente das escolas estaduais. Para isso, as escolas inscritas devem compor um grupo pedagógico com diretores, coordenadores e professores para que haja um desenvolvimento conjunto. A aprendizagem ocorrerá, principalmente, por meio de aulas via web. Alguns encontros, como a avaliação, serão presenciais – correspondendo a 15% do curso.

O projeto pretende melhorar a qualidade do ensino, centralizando e uniformizando a estrutura do currículo dos docentes. O principal motivo para tal ação, segundo a Seesp, é que a diferença dos níveis de formação dos professores se reflete em baixo índice de desempenho. Esses cursos de pós-graduação estão pautados no modelo curricular do estado, proposto esse ano e que está em fase de experiência. “A EaD (Educação a Distância) funciona bem nesse caso, pois possibilita trabalhar o conteúdo como um todo, relacionando as disciplinas”, diz Maria Alice.

Essa modalidade não requer o deslocamento dos alunos e permite um atendimento por todo o estado de São Paulo distribuído por 91 diretorias de ensino existentes. Apesar de já haver uma infraestrutura para o projeto, falta treinamento aos professores para ensinar a distância. A Seesp pretende ainda oferecer uma oficina de capacitação. De acordo com o representante discente da pós-graduação no Conselho Universitário (Co), Evandro de Carvalho Lobão, “facilmente percebe-se que não há coesão entre os professores com relação à EaD”.

Morin: "Esse é o modelo que a universidade vai incorporar" (foto: Rafael Benaque)
Morin: "Esse é o modelo que a universidade vai incorporar" (foto: Rafael Benaque)
EaD na universidade

A USP já exerce EaD em algumas unidades como a Poli e a FEA, mas de forma pouco expressiva. Para o professor José Manuel Moran, especialista no assunto, o conceito desse projeto é interessante porque capacita a instituição como um todo. Com relação às críticas feitas à estrutura desses cursos, que não teriam conteúdo de pós-graduação, Moran rebate dizendo que o modo de organização corresponde aos critérios exigidos pelo MEC. “O intuito é de reciclagem para que os professores atualizem suas práticas e seus conteúdos, mas é feito como especialização dentro dos padrões acadêmicos”, diz o professor.

A meta desse projeto é formar 110 mil docentes até o fim de 2009 e a verba destinada é de, aproximadamente, R$ 52 mi. Após concluir a especialização, o professor da rede estadual receberá um aumento salarial de 5%. Moran afirma que o país está atrasado no âmbito do Ensino Superior e complementa, “o problema da universidade pública é a gestão; politicamente, há descontinuidades. Há uma alta rotatividade de funcionários e EaD não se faz assim”. Até o fechamento dessa edição o responsável pelo projeto dentro da USP, o pró-reitor de Cultura e Extensão, Ruy Altafim não respondeu às perguntas do JC.