Candidatos ao DCE apresentam propostas

Nos dias 25, 26 e 27 de novembro, os estudantes da USP vão escolher o novo corpo do DCE (Diretório Central dos Estudantes), órgão de maior representatividade estudantil da Universidade.

Este ano, cinco chapas estão concorrendo ao cargo: a “Baião de Todos” é formada por membros da “Vez e Voz”, atual gestão, e tem membros do PCB e PSOL; a chapa “Reconstruir o DCE pela base” é ligada à AJR (Aliança da Juventude Revolucionária), do PCO; a “Território Livre” é parte do MNN (Movimento Negação da Negação); a “Nada será como antes” é ligada ao PSTU e a “Que Picadeiro é esse” não tem vínculo claro com partidos políticos, embora seja politicamente próxima ao PT.

O Jornal do Campus fez a seguinte pergunta para um representante de cada chapa: o que vocês mudariam e o que manteriam em relação à atuação da atual gestão do DCE?

Confira as respostas das chapas concorrentes.

Índice

América: Território Livre
Nada será como antes
Que picadeiro é esse?
Reconstruir o DCE pela base
Baião de Todos


América: Território Livre

Mudaríamos tudo e não manteríamos nada! O que poderíamos manter de uma gestão que não fez nada? Espaços estudantis são retirados pelas diretorias; mais de 40 estudantes sofrem sindicância e inquérito policial pela ocupação da Reitoria (pela qual o DCE é multado em mais de R$ 300 mil); centenas de câmeras são instaladas por todo o campus Butantã, e a entidade promove apenas uma “Semana do Meio Ambiente” e se recusa a tocar nos assuntos!

O diretório é dominado há anos pelo mesmo grupo (PSOL), que toma as decisões a portas fechadas e foge das assembléias como da peste. Esse grupo afundou a entidade em dívidas; em 2006, a sede do DCE foi entregue por eles para a Reitoria “regularizá-la” e foi “provisoriamente” jogada para um barracao atrás da FEA.

Para construir o Território Livre, propomos: defesa dos espaços estudantis e combate à repressão, que vai se acirrar com a crise econômica; construção do jornal dos estudantes, ferramenta para superar a fragmentação e a burocracia do movimento estudantil; e democracia direta. Chega de CAs e DCE fechados aos estudantes!

retornar ao índice


Nada será como antes

Em 2007, através de seus decretos, José Serra esperava acabar com a autonomia das universidades estaduais. Mas, alunos da USP ocuparam a Reitoria, fizeram greve com professores e funcionários e derrotaram os decretos.

Este ano, iniciaram-se os “novos decretos”. O primeiro deles é a lei que regulamenta a entrada da iniciativa privada como principal investidora da pesquisa.

O principal papel do ME neste momento é defender a Universidade – essa deve ser a principal função do DCE. Porém, isso não se deu dessa forma. Não houve um jornal que pautasse essas questões aos estudantes. O movimento do ano passado parece ter sido esquecido por essa gestão, assim como nosso potencial de luta e nossas conquistas.

Queremos que todos os estudantes saibam dos novos decretos e se unam à luta. O ME que fizemos mostrou do que é capaz. A USP derrotou os decretos e estudantes do país inteiro se propuseram a defender a educação. Propomos um DCE que, de fato, defenda a Universidade, organize os estudantes e garanta nossas conquistas!

Precisamos ocupar o DCE contra os decretos de Serra, para construir a universidade que queremos!

retornar ao índice


Que picadeiro é esse?

Anossa chapa pretende inverter as prioridades da prática apresentada pelo DCE, pois assembléias viciadas, debates infindáveis sem posições divergentes só afastam os indivíduos de qualquer espaço do ME (Movimento Estudantil). Logo, nosso foco será, desde o início, fomentar diversas formas de realizar o ME – seja pela cultura, pela extensão, por festas, pela contestação acadêmica e política – como, por exemplo, realizar uma calourada com esse novo foco.

Não podemos esquecer que nestas eleições iremos votar pela gestão do DCE e pelos Representantes Discentes dentro dos conselhos centrais da Reitoria (várias cadeiras passaram praticamente o ano todo vazias). Nesses conselhos, são votadas questões como o ensino a distância e a reforma do estatuto da USP. Questões estas que nos propomos a realizar diálogos com os estudantes da Universidade, sejam eles a favor ou contra, e gerar um espaço em que esses temas possam e devam ser debatidos.

Assim, nossa linha de atuação caminha no sentido de mudar o atual formato de como é feito o ME, o qual não passa de um palco para a apresentação de propostas alocadas, prontas de outras instâncias. Eis o nome da chapa: “Que Picadeiro é Esse?”.

retornar ao índice


Reconstruir o DCE pela base

Nossa chapa tem o objetivo de fortalecer a base para um amplo movimento dos estudantes e, para isso, denuncia a atuação dos grupos da frente popular (PT-PCdoB-Psol-PSTU), que se colocam contra o movimento, como na ocupação da Reitoria da USP – o maior movimento dos últimos anos entre os estudantes. Isso porque estes grupos se sustentam nas entidades justamente na total ausência de movimento. No momento em que houve participação, tiveram a política exposta e foram repudiados pela ampla maioria dos estudantes em luta.

O outro ponto fundamental, contra o qual a atual diretoria do PSOL não fez absolutamente nada, é a dura repressão sofrida pelos estudantes. Nossa proposta é realizar uma ampla campanha contra a repressão e para que não sejam instaladas centenas de câmeras para vigiar e perseguir os estudantes.

Outra questão importante é a independência política dos estudantes, principalmente diante dos professores. Os estudantes, como setor menos ligado ao Estado e como ampla maioria da Universidade, são os maiores interessados na defesa da universidade pública e na qualidade do ensino e devem, portanto, ser a maioria estudantil nos órgãos deliberativos da universidade.

retornar ao índice


Baião de Todos

A “Baião de Todos” é a chapa presente em mais cursos da USP. Queremos avançar na construção de um movimento estudantil de fato conseqüente, coerente, amplo e democrático, capaz de debater os problemas da Universidade, a fim de transformá-la.

Este ano foi bastante diferente de 2007, sem a ocupação da Reitoria, mas com todas as suas conquistas para serem garantidas. Uma dessas foi o V Congresso da USP, que conseguiu mobilizar grande parte dos estudantes, mostrando que era possível e necessário criar um espaço de discussão sobre os rumos da Universidade. Infelizmente, ele não aconteceu por motivos externos ao DCE e ao Movimento Estudantil.

Isso deixa um aprendizado, urgente para o Movimento Estudantil, de agregar cada vez mais estudantes para debater os principais temas da Universidade, como o ensino a distância (nossa proposta é uma Semana de Licenciatura na USP), o aumento de verbas e a garantia do financiamento público da USP, para assegurar a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão. Também é preciso exigir da Reitoria uma proposta concreta para a permanência estudantil – como parcela fixa do financiamento, mais moradia, bolsas de estudo e bandejões.

retornar ao índice