Carta-resposta da Coseas

Carta-resposta de Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca Coordenadora da Coordenadoria de Assistência Social da USP

Venho manifestar minha indignação sobre o artigo publicado no número 344, ano 26, de outubro de 2008, de Raphael Florencio, “Auxílios estudantis são fraudados”. Considero que o conteúdo da matéria está equivocado e distorce o que eu declarei em relação à fiscalização dos auxílios concedidos aos estudantes. Quando fui contatada para prestar esclarecimentos sobre o tema, me foram feitas mais de 30 perguntas, às quais respondi ou indiquei as fontes de respostas. Só uma frase foi usada (e incorretamente), comprometendo o trabalho da Divisão de Promoção Social da Coseas.

Quando disse “a fiscalização é feita por amostragem e quando há evidências ou denúncias de que a situação sócio-econômica do aluno não é aquela declarada”, me referia à visita domiciliária ou entrevista no caso do auxílio alimentação e não em relação a todos os auxílios. A Coseas usa a verba pública com rigor, porém, muitas vezes é impossível saber se os alunos estão mentindo. Num meio em que se pressupõe que estejam os representantes da geração que comandará o país, pressupõe-se que o compromisso para com a verdade seja levado a sério. O atendimento fora do prazo estabelecido foi para que nenhum aluno necessitado pudesse ficar sem o direito de ter sua permanência estudantil garantida.

Porém, o mais grave problema que detecto no artigo é o endeusamento subliminar da irresponsabilidade social de alunos que burlam as normas para conseguirem os apoios. Isso compromete sobremaneira o trabalho do Serviço Social em relação à implantação da Política de Apoio à Permanência e Formação Estudantil em curso, cujas finalidades são permitir que todos os estudantes com reais necessidades socioeconômicas possam ser apoiados até a conclusão dos seus estudos e que os recursos sejam racionalizados visando ao bom uso da verba pública. Tal atitude do jornalista, lamentavelmente, é irresponsável e descompromissada para com a difusão da verdade de forma crítica e construtiva. O mesmo pode ser dito sobre os alunos burladores, dentre eles o de nome “Renato” para com a sociedade que paga seus estudos por meio de impostos.

Finalmente, afirmo que a Coseas aceita críticas, desde que não sejam destrutivas e nem baseadas em inverdades. Assim, dado que sido freqüente a distorção das nossas declarações, informo que não mais serão respondidas as questões postas pelos jornalistas do Jornal do Campus, nem mesmo por e-mail, conforme o usual, a despeito da insistência e das manifestações para que ocorra o contrário.


Nota da Redação

Se a matéria for analisada em seu contexto original, constata-se que não houve “endeusamento” dos alunos que burlam os auxílios estudantis. O texto posiciona-se contra tais práticas.

Na apuração, o repórter descobriu que alguns alunos não são submetidos a entrevistas com assistentes sociais. Além do mais, não são chamados para prestar esclarecimentos posteriores, característicos de uma fiscalização apropriada. Portanto, uma das intenções da entrevista feita por e-mail com Rosa Godoy era esclarecer supostas falhas na fiscalização.

O repórter Raphael Florencio enviou 13 perguntas para a Rosa Godoy, não 30. Não houve distorção das respostas. A edição foi feita de forma cuidadosa para não distorcer os fatos.

A pergunta sobre a fiscalização foi: “A Coseas tem como fiscalizar se as bolsas estão sendo corretamente utilizadas? Por exemplo, se um aluno que recebe bolsa alimentação e realmente almoça no bandejão com freqüência? Ou se o auxílio moradia é utilizado pelo estudante para o aluguel de um imóvel?”.

A resposta foi: “Quanto à fiscalização, é claro que é impossível fazê-la caso a caso, porém, isto é feito aleatoriamente (por amostragem) e quando há evidências ou denúncias de que a situação socioeconômica do aluno não é aquela que foi declarada. Isto é uma forma de controle do uso de dinheiro público, portanto, corretíssimo, do ponto de vista moral e legal”.