Cursos passam por processo de avaliação

Segundo pró-reitora Selma Garrido, graduação da USP ainda precisa melhorar muito

A USP iniciou neste semestre a implantação do Processo de Avaliação de Cursos na tentativa de valorizar e melhorar a qualidade da graduação. Segundo a pró-reitora de graduação Selma Garrido, as avaliações externas e os rankings internacionais de universidades consideram como critério apenas os dados da pós-graduação e pesquisa, relegando a graduação a um segundo plano. Ela afirma que isso acaba se reproduzindo na USP.

O Processo de Avaliação é uma tentativa de reverter esse quadro. “Às vezes, a identificação da excelência nos deixa acomodados”, diz a pró-reitora. “Os nossos cursos ainda tem muito que melhorar”, acrescenta Selma.

De acordo com o vice-reitor Francisco Lajolo, as atividades de pesquisa são claramente definidas com metas e indicadores, o que dificilmente ocorre na graduação. Mas, como a razão principal da existência da universidade é a graduação, afirma Lajolo, sua qualidade tem que ser incluída nos critérios globais de avaliação das instituições.

Entre os indicadores que serão produzidos pelo Processo de Avaliação estão o perfil dos alunos ingressantes, informações sobre evasão, número de matrículas, tempo médio de conclusão de curso e o perfil dos egressos. Alguns desses dados já estão disponíveis no site da Pró-Reitoria de Graduação, mas só podem ser visualizados por sua unidade de origem. Segundo Manuel Rodrigues Alves, o coordenador da Câmara de Avaliação, os dados precisam ser checados e trabalhados antes de se tornarem públicos.

A graduação possui 171 cursos, distribuídos em 41 unidades e oferecidos a mais de 57 mil alunos. Cada CG (Comissão de Graduação) será responsável por conduzir o processo na sua unidade.Para Rodrigues Alves, não faz sentido fomentar um único processo de avaliação nesse universo tão diferenciado. A Câmara de Avaliação apresenta apenas diretrizes mais gerais.

O processo é trienal e será feito em quatro etapas. A primeira, que terminou no início do mês, definiu questões de operacionalização e recebeu os dados das CGs. A segunda acontecerá no primeiro semestre de 2009. Será a implementação do projeto piloto com a avaliação de 17 cursos. Participaram dessa etapa os cursos de unidades com estrutura administrativa diferenciada, que possuíam disciplinas ministradas por outras unidades ou que manifestaram interesse. A terceira e a quarta etapa ocorrerão nos anos de 2010 e 2011 e serão de consolidação do processo e revisão do plano de metas.

Na primeira etapa, 85% das unidades enviaram o Plano Trienal de Metas e Ações e as Diretrizes Preliminares de Revisão dos Projetos Políticos Pedagógicos, que tinham sido requeridos a todas. A área de exatas foi a que obteve a maior resposta; 92% de suas unidades enviaram as solicitações. Em seguida, aparecem as unidades de biológicas com 84%. A área de humanas teve o menor índice, 50%. Ao todo, a resposta foi de 76% dos cursos. Rodrigues Alves conta que recebeu reclamações de que os prazos estipulados eram pequenos, mas diz que foi necessário mantê-los para não prejudicar o processo de avaliação.

A maior dificuldade, de acordo com o coordenador da Câmara, tem sido a mudança do paradigma de uma avaliação institucional e a construção um processo coletivo e cooperativo.