Erros meus

Terei, nesta edição, que ser ombudsman de mim mesmo. Um “metaombudsman”.

Indo diretamente ao ponto, ou melhor, aos dois pontos, cometi dois pequenos erros em colunas anteriores. Em ambos, pequei pela pressa e pela falta de cuidado ao checar todos os lados da história antes de pôr o ponto final no texto.

O primeiro escorregão foi de ordem, por assim dizer, histórica. Escrevi, nesta coluna, há algum tempo, que o caderno Claro!, por ter o mesmo nome de uma operadora de telefonia móvel, passava a impressão de ser um folheto promocional, ainda que involuntário, dessa empresa. Não me ocorreu checar a idade do caderno, ou seja, desde quando ele existe. E não é que ele é mais antigo que a tal operadora? Só fui informado disso depois de a coluna ter sido publicada. Erro meu.

Deveria ter apurado essa antecedência e deveria ter falado sobre ela na coluna. Esse fato, sem dúvida, elimina qualquer falha do jornal no momento da criação do caderno. Ainda assim, contudo, não desfaz a aparência de conflito de interesses que fica no ar com a manutenção do nome. Penso que essa aparência é negativa. O melhor a fazer é mudar o nome do caderno.

O segundo erro foi gramatical. Na coluna da edição passada, pouco antes do fechamento, fui alertado pela redação e, graças a essa gentileza, pude corrigir o texto. Mas o erro ocorreu. Critiquei a concordância no singular na frase “JC levantou que 44,3% da Cidade Universitária votaria em Kassab se as eleições fossem hoje”. Na primeira versão do meu texto, dei a entender que isso constituía um erro de português. Não é. E minha coluna só não saiu com essa barbaridade porque a redação foi atenciosa e me alertou. De todo modo, a concordância com os 44,3% é preferível do ponto de vista da informação que se quer destacar, mas isso já ficou claro na coluna anterior.

Felizmente, para mim e para este jornal, não foram falhas de conseqüências desastrosas. Mas isso pode acontecer. Peço desculpas pelos meus dois erros e procurarei estar ainda mais atento de hoje em diante. Este jornal não merece menos.

Eugênio Bucci é jornalista, professor da ECA e autor de “Em Brasília, 19 horas” (Record, 2008) e “Sobre Ética e Imprensa” (Companhia das Letras, 2000).