Estudantes se opõem a uso de catracas

Na última reunião da Congregação da Faculdade de Direito, em 30 de outubro, foi criada uma comissão – formada por três professores, três funcionários e três estudantes – para estudar projetos de segurança na faculdade. A decisão foi tomada depois de grande pressão dos alunos, contrários à instalação de catracas e câmeras de vigilância no prédio histórico do Largo de São Francisco. Na reunião anterior, em setembro, a Congregação já havia deliberado pela criação da comissão e pela não-instalação dos equipamentos, ratificando a decisão da maioria dos estudantes em plebiscito.

O presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, Paulo Henrique Pereira, atribui as decisões à mobilização estudantil. Os partidos acadêmicos esqueceram as diferenças para organizar as manifestações. “Estou no quarto ano e foi a primeira vez que vi os partidos se unirem”, diz Pereira. Para o presidente do CA, a instalação das catracas, além de interferir no Pátio das Arcadas, “um espaço importante da vida cívica do país”, e restringir a entrada em um local público, seria pouco efetiva. Ele aponta o aumento do número de vigilantes e o treinamento adequado como a melhor solução.

A nova comissão deve fazer estudos e chamar especialistas para elaborar um projeto de segurança, mas ainda não tem previsão de início dos trabalhos. Rodrigo Rocha, representante discente na Congregação, diz que “a comissão vai seguir a decisão de não implantar catracas, mas a discussão sobre as câmeras ainda ficou em aberto em alguns pontos, como a biblioteca”.

FAU: pichação mostra câmeras como opressão (foto: Marina Yamaoka)
FAU: pichação mostra câmeras como opressão (foto: Marina Yamaoka)

FEA

Na FEA, a estrutura para a instalação de catracas está esperando por uma decisão. As opiniões entre os estudantes estão divididas. Nilson Bosculo, presidente do Centro Acadêmico Visconde de Cairu, é contra as catracas pela questão simbólica: “a função da universidade é disseminar conhecimento e se mostrar aberta à sociedade”. Ana Cláudia Carvalho também acreditava que deve haver liberdade de ir e vir na universidade pública, mas mudou de opinião. Segundo a aluna, dois garotos entraram no CA e furtaram dinheiro de sua mochila: “Tem que ter segurança. Não falo isso pelo meu dinheiro, mas pela proteção do patrimônio da faculdade”.

O professor Manuel Henriquez Garcia, do Departamento de Economia, é contra a instalação de catracas na entrada do prédio: ‘A restrição não faria bem à imagem da FEA. Além disso, a entrada é acesso ao restaurante e ao saguão, que abriga eventos de boa qualidade”. Garcia é favorável às catracas apenas nos setores administrativos, dependendo do custo: “Talvez seja mais barato colocar vigilantes nos corredores”.

O diretor Carlos Roberto Azzoni diz que é necessário um controle mais rígido das pessoas que circulam na faculdade. Ele considera a segurança frágil, principalmente à noite e aos sábados, “quando a FEA transformou-se no banheiro de centenas de corredores e ciclistas do campus, com um entra-e-sai muito grande de pessoas estranhas aos objetivos da universidade”. A direção tem um projeto que inclui iluminação interna e externa e está buscando verba na reitoria para implantá-lo. Azzoni afirma que a proposta não inclui catracas nesta fase: “Quando chegar a hora, toda a comunidade será envolvida no debate. Já até começamos a debater mas o projeto de catracas ainda é incipiente”.