Yes, we can: um novo sonho americano

“Obamania” é uma vitória da comunicação eleitoral

Reprodução de pôster de Obama criado por Shepard FaireyArtistas de Hollywood usando camisetas de apoio a Obama, jingles – produzidos por eleitores – batendo recordes de acessos no YouTube e um candidato à presidência dos Estados Unidos postando vídeos na internet são apenas algumas das manifestações que configuraram a chamada “obamania”. A vitória do candidato democrata não é apenas tema de discussões sócio-políticas, mas, também, objeto de análise das ciências da comunicação.

Segundo Mariângela Haswani, professora de Marketing Político do Departamento de Relações Públicas e Propaganda da USP, as peculiaridades da campanha de Obama refletem a competência dos Estados Unidos em comunicação eleitoral. “Eles são especialistas incontestes no assunto”, diz.

Uma campanha política se inicia com a definição de um conceito. Cabe à comunicação identificar o que os cidadãos esperam do novo governante e analisar o perfil do político e do partido. Após essa tarefa, “é preciso que o candidato vista aquela identidade”, explica Mariângela.

O ponto forte da campanha de Obama, segundo ela, foi saber aproveitar o clima de insatisfação em relação ao governo Bush e, a partir disso, lançar uma imagem de esperança. A professora explica que, em momentos de crise, as pessoas não querem ouvir discursos objetivos. Pelo contrário, o público espera por alguém com uma postura acalentadora e menos racional. Essa noção foi incorporada em todos os aspectos da campanha de Obama, desde sua maneira de se portar até seu slogan Yes, we can.

Outro acerto da equipe de Obama, segundo a especialista, foi trabalhar uma linguagem informal na internet. “A possibilidade de manifestações espontâneas do eleitorado na rede é fantástica para qualquer eleição”, ressalta. Quanto à campanha de McCain, a professora acredita que o maior problema foi a imagem já desgastada do Partido Republicano, que não era apropriada ao momento político dos Estados Unidos.

De acordo com a professora, a campanha de Obama conquistou, além do eleitorado, populações de vários países, porque trazia um tom mais humanizado. “Nos Estados Unidos, a visão é absolutamente masculina, individualista e consumista, mas a verdade é que o mundo inteiro está cansado de sofrer as conseqüências desse tipo de mentalidade”, conclui Mariângela.