Prêmio da Reitoria é tido como “cala boca”

Para Sintusp, gratificação evita discussão salarial; Cruesp fala em traqüilidade institucional

Está prometida para o dia 4 a primeira parcela do Prêmio Excelência Acadêmica Institucional USP, destinado a docentes e funcionários da Universidade. A gratificação, é oferecida pela Reitoria, com valor total de mil reais. Para professores e funcionários, o Prêmio encobre a discussão sobre reajuste salarial.

O prêmio tem o objetivo de “calar a boca” dos funcionários, segundo Magno Carvalho, ex-diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP). Carvalho, que participou das discussões sobre a premiação no Conselho Universitário, afirma que a USP está dando a quantia para evitar futuras reivindicações e não cumprir o compromisso salarial firmado no final da ocupação da Reitoria, em junho de 2007.

Para a Reitoria, o objetivo da premiação é “reconhecer e valorizar as ações de docentes e servidores técnico-administrativos no desempenho das atividades que contribuem para o resultado institucional”. Os critérios de avaliação para o prêmio, segundo comunicado, são os indicadores de desempenho, o cumprimento de planos de metas pelas unidades e a posição ocupada pela USP em índices internacionais.

Serão contemplados com os mil reais docentes e funcionários ativos com, pelo menos, seis meses no exercício de suas funções. Professores aposentados também serão beneficiados, mas se tiverem assinado termo de adesão.

Cafezinho

“É um cafezinho por dia.” Essa é a avaliação do professor Otaviano Helene, presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP), sobre o prêmio. Para ele, a gratificação “não é aceitável. Nosso trabalho tem que ser remunerado na forma de salário”. Afirma ainda que há uma forte demanda de reajuste salarial entre os professores.

Helene e Carvalho asseguram que a USP está em ótima fase financeira. “Isso foi admitido pela Reitoria em reunião com o Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo) e o Fórum das Seis”, assegura Carvalho. Mas então por que não se fala de reajuste nos salários? “Espero que não seja uma imposição do governador”, diz Helene.

Equilíbrio

Marcos Macari, reitor da Unesp e presidente do Cruesp, entidade responsável pelos salários, foi procurado pelo JC, mas se encontra fora do país.

Em seu lugar, falou Kléber Tomás Resende, chefe de gabinete da Reitoria da Unesp. Ele afirma que maio é a data-base para a discussão salarial e que já foi dado um aumento de 2% de ganho real a docentes e funcionários de acordo com a inflação.

Resende afirma que na Unesp não há uma gratificação parecida com a dada pela USP, mas defende o prêmio e afirma que “universidade não é só salário”. Para ele, a premiação é necessária, já que “o Cruesp tem que ter uma tranqüilidade institucional”.

Aposentados são excluídos do Prêmio

O Prêmio Excelência Acadêmica Institucional não contempla funcionários aposentados, nem docentes que não tenham assinado termo de adesão após se aposentar. O diretor da Adusp Otaviano Helene afirma que “isso pode criar uma diferenciação muito grande entre ativos e aposentados”. Além disso, diz que, se a Reitoria quer valorizar ações de docentes e servidores que contribuem para o resultado institucional da USP, não deveria esquecer que muitos dos aposentados contribuíram para o que hoje é a Universidade. A Reitoria foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.