“Caverna” transporta sensações

O teletransporte humano ainda não é possível, mas alguns pesquisadores têm buscado formas de antecipar a sensação de ver, tocar e sentir cheiros de diferentes locais instantaneamente, mas sem locomoção. Cientistas do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Poli-USP desenvolveram um sistema de telepresença, que simula realidades por meio da exploração da percepção sensorial humana.

O professor Marcelo Zuffo, do LSI, é um dos coordenadores da Caverna Digital, infraestrutura telepresencial na qual o usuário imerge em realidade virtual. De dentro de um cubo é possível se teletransportar imaginariamente para o espaço, sobrevoar o Rio de Janeiro e a São Paulo de 1911. O sistema também simula sensações auditivas, olfativas e táteis, com o uso de luvas especiais.

A tecnologia da Caverna Digital já é usada nas indústrias aeronáutica, automotiva e petrolífera para reduzir custos, pois a produção de simulações digitais é mais barata do que a de protótipos reais. Segundo Zuffo, a telepresença pode ser aplicada também à exploração de lugares onde o homem não pode chegar, o que permitiria telepresenciar o fundo do mar ou planetas com condições desfavoráveis à sobrevivência.

Em caráter especulativo, o professor diz que seria interessante o teletransporte por fibra óptica. “Ele seria viável se fosse possível desenvolver sistemas capazes de traduzir estruturas atômicas para estruturas binárias e vice-versa”. Segundo Zuffo, o problema dessa abordagem é que, por se tratar de armazenamento em banco de dados, existiria a possibilidade de se autorreconstruir mais de uma vez na outra ponta na conexão. Para contornar implicações éticas e evitar trabalhos que ofereçam risco à vida, a telepresença é a alternativa ao teletransporte mais acessível atualmente.