Experimentos de dentro para fora do campus

No mês de abril, o grupo teatral IVO60 realiza experimentações teatrais próximo ao Parque da Luz. No projeto chamado À sombra da luz, dirigido por Sílvia Leblon, os atores pesquisam a feiúra, a marginalização e a loucura, usando a linguagem do palhaço e do bufão.

O IVO60 é um exemplo da importância da vivência universitária na formação e consolidação dos grupos teatrais. Desde os tempos de USP, o grupo investe na interação com o público e promove diversos ensaios ao ar livre. A primeira cena com a atual formação aconteceu em 2000, em uma aula de direção na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Depois disso, Pedro Granato e Felipe Sant’Angelo, estudantes de Cinema e Vídeo, Pedro Felício de Artes Plásticas e Mariana Leite e Ana Flávia Chrispiniano, de Cênicas, resolveram trabalhar juntos.

A formação e circulação do grupo aconteceram especialmente fora da sala de aula, na convivência universitária, já que cada um era de um departamento diferente.

Nessa fase, o IVO60 se apresentava ao ar livre, em centros acadêmicos, semanas de cultura e festivais fora de São Paulo. “Vale dizer que o mais importante foi esse lado não acadêmico da universidade”, afirma Pedro Granato, que já dirigiu três peças do grupo. Segundo ele, a escola é fragmentada e faltam espaços de encontro entre os cursos. Isso fez com que o grupo optasse por buscar caminhos fora da Academia e novas possibilidades.

Pedro diz que a universidade marca os grupos teatrais de duas maneiras: por meio das gerações, já que alunos de uma mesma turma continuam trabalhando juntos e acabam criando uma ideologia comum e pela ligação com o espaço público e com o coletivo. E, de acordo com ele, isso seria mais difícil em uma escola com ensino voltado ao mercado. Ele acredita que o IVO60 continuou por ter uma independência em relação à universidade.

Ao sair da USP, os integrantes usaram o conhecimento e sua proximidade com docentes para seguir adiante. Com isso, passaram a ensaiar no Espaço Cultural Tendal da Lapa e apresentaram cenas curtas na abertura do espetáculo de uma de suas ex-professoras. Após oito anos de trabalho, À sombra da luz é o quarto projeto do grupo apoiado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro. “Nosso trabalho é quase todo pautado por apresentações gratuitas em espaços públicos, então somos dependentes desse tipo de financiamento”, afirma Granato.

O grupo se apresenta nos dias 5 e 6 de abril, às 16h, próximo à Casa de Chá do Parque da Luz, na Av. Tiradentes, sem número.