Atraso marca obra do Centro de Convivência

Local também gera polêmica entre Reitoria e DCE por repasse de verbas para entidade

O Centro de Convivência transformou-se em um canteiro de obras por mais de dois anos. Recentemente, a Reitoria entregou o espaço para uso do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e da Associação dos Pós-graduandos (APG). O primeiro, porém, não aceitou o imóvel. Representantes afirmam que a Reitoria descumpriu termos de acordo firmado em 2006.

Segundo o acordo, a Reitoria se comprometia a reformar o Centro de Convivência e devolvê-lo ao DCE. Enquanto isso, a sede da entidade funcionaria nos barracões próximos à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade.

Antes do início da reforma na sede, o Diretório se sustentava com o aluguel de espaços para comércio no prédio. Com a mudança, os valores deixaram de ser repassados à entidade, o que complicou a situação financeira.

Segundo Vinicius Castro Soares, que integrou a Gestão 2008 do DCE e participou de reuniões que discutiram a reforma do prédio, “o único tipo de auxílio financeiro concedido pela administração da USP à entidade, durante todo o tempo, foi destinado exclusivamente para a Calourada Unificada de cada ano”.

No acordo inicial, estipulava-se que “do valor total arrecado com o aluguel dos espaços do Centro de Convivência, 70% seria repassado ao DCE e APG e o restante seria utilizado para a manutenção do prédio”, diz Soares.

“Em uma reunião com a Prefeitura do Campus, em dezembro de 2008, foi transmitido ao DCE o informe de que os 70% dos aluguéis não seriam repassados às duas entidades”, explica. Isso “porque o Tribunal de Contas havia entrado com um processo contra a Universidade, por existir um repasse de verbas ilegal para os Centros Acadêmicos e Grêmio da Esalq”. Para se precaver contra a abertura de outros processos judiciais, a Reitoria acabou com o repasse de verbas.

A reforma do prédio, orçada em R$ 1,1 milhão, foi supervisionada pela Coordenadoria de Espaço Físico da USP (Coesf). O novo espaço tem 125 m² e fica próximo à Reitoria e ao Restaurante Central. Abrigará, além da sede do DCE e da APG, a Edusp, lanchonetes, farmácia, revistaria e caixas eletrônicos na área comum. Os espaços disponíveis ao comércio serão cedidos a concessionários através de licitação, cujos processos já estão em andamento.

De acordo com as previsões, o prédio deveria ser entregue em setembro de 2007. Entretanto, a Coordenadoria descobriu irregularidades na atuação da construtora responsável pela reforma e rescindiu o contrato. A partir daí, uma segunda empresa assumiu a obra.

Segundo o professor João Cyro, coordenador da Coesf, “a primeira construtora apresentava irregularidades trabalhistas e não foi capaz de cumprir os prazos exigidos pela USP”. Para ele, “os usuários do Centro de Vivência foram bastante prejudicados, pois deixaram de usar o espaço por mais tempo”. Porém, não houve prejuízo financeiro, pois o orçamento foi mantido.

Diante do impasse, com o intuito de esclarecer a situação, a assessoria de imprensa da Reitoria foi contatada diversas vezes pelo JC. Porém, até o fechamento desta edição, não houve resposta.

Vista do interior reformado do Centro de Convivência da USP, localizado próximo ao Restaurante Central
Vista do interior reformado do Centro de Convivência da USP, localizado próximo ao Restaurante Central