Diretor do Sintusp confirma greve

Assembléia do dia 1º de abril definiu que paralisação será votada no dia 23; diretor sindical diz que só falta resolver a data de início

Em assembléia realizada nesta quarta feira, o Sindicato dos trabalhadores da USP (Sintusp) decidiu postergar o início da greve para conseguir uma mobilização maior em torno do movimento. A antiga proposta, acertada na assembléia anterior, indicava que a greve poderia ser decretada já nesta reunião. No entanto, a maioria absoluta dos mais de 300 trabalhadores que compareceram optou por definir uma nova data, em assembléia a ser realizada dia 23 de abril, para o começo da paralisação. Houve apenas dois votos contra e nove abstenções. Magno Carvalho, um dos diretores do Sintusp, disse após a reunião que “a assembléia do dia 23 vai ser simplesmente para dizer o dia exato que a gente vai entrar em greve”.

Entre os motivos apontados para o adiamento, está o fato de que ainda existem algumas unidades onde o debate sobre os principais pontos da greve está engatinhando. “Alguma unidades estão bem mobilizadas, inclusive com proposta de entrar em greve agora,(…) outras estão em situação bastante desigual”, diz Aníbal Cavalli, funcionário da ECA e também diretor da entidade. “Enquanto isso, nessas unidades em que não foram feitas reuniões ou elas foram fracas, a gente vai ter a oportunidade de consolidar a greve”, completa Magno.

Cerca de 300 funcionários estiveram na assembleia. Claudionor Brandão discursou durante a sessão (foto: Francisco de Laurentiis)
Cerca de 300 funcionários estiveram na assembleia. Claudionor Brandão discursou durante a sessão (foto: Francisco de Laurentiis)

Outro motivo é a pauta de reivindicações, que ainda não foi entregue à reitoria porque alguns pontos ainda não estão aprovados. O Sintusp espera que na próxima reunião do Fórum das Seis, entidade que reúne os trabalhadores e professores das três universidades estaduais, a proposta seja oficializada e levada como pauta conjunta das entidades ao Conselho de Reitores das Universidades Estaduais (Cruesp), do qual a reitora Suely Vilela é a atual presidente.

A assembléia concluiu também que dois feriados logo no início da greve – Semana Santa e Tiradentes – tirariam grande parte da força inicial da paralisação. Os presentes acharam melhor decidir por outra data.

Apesar do adiamento, é certo que a greve será deflagrada. Há um consenso sobre o quão decisivo é esse momento para o sindicato. Na sua visão, há um movimento de desestabilização e repressão dos movimentos organizados dentro da universidade por parte da Reitoria. Muitos de seus integrantes, funcionários ou alunos, vêm sofrendo sindicâncias, processos e ações, todos relativos à ocupação do prédio da reitoria em 2007. Sintusp e DCE também estão sendo processados em cerca de R$ 346 mil reais cada um por supostos danos materiais causados no mesmo episódio.

Segundo Aníbal, “tudo isso vem como consequência da greve de 2007. (…) Para que eles possam ter terreno livre para implementar algumas políticas aqui dentro da USP, eles têm que tirar aqueles que podem ser um pólo de resistência, como foi o movimento que resistiu às medidas que o Serra tomava através de seus decretos”.

“Embora a reitora tenha se comprometido em não punir os participantes da ocupação, a retaliação vem por parte dos dirigentes e são eles que abrem sindicâncias”, completa.

A demissão de Claudionor Brandão, diretor do Sintusp, é um dos estopins do movimento e também é vista como parte dessa estratégia.

Linha do tempo

2007
Reitoria processa o Sintusp e o DCE sobre supostos danos durante a ocupação.

Out/2008
Brandão é afastado por um processo iniciado em 05/2006.

Dez/2008
Brandão demitido por fato de 2005; Reitoria diz que houve reincidência.

Fev/2009
Primeira reunião entre as partes; negociações não avançam.

Mar/2009
Última reunião entre as partes; Reitoria se mostra irredutível.

Abr/2009
Assembléia do Sintusp indica greve para o final do mês.