Vacinados contra futuras crises

A autoconfiança de governos, grandes investidores e concessores de crédito, inclusive à pessoa física, levará o mundo, nas próximas décadas, a crises financeiras de proporções maiores do que a desencadeada em meados 2007. Porém, segundo o professor de finanças da Faculdade de Economia e Administração (FEA), Roy Martelanc, tais crises serão mais facilmente sanadas.

Informação é a causa mais provável para esse aumento em proporção das crises econômicas, de acordo com Martelanc. “Podemos aprender muito em 50 anos. Acontece que informação leva a aumento na confiança e isso acarreta, diretamente, na tomada de riscos maiores. Os resultados são crises maiores”, afirma.

Por outro lado, o professor explica que a razão para a maior resiliência – capacidade das economias para absorver impactos e se recuperar deles – também será o progressivo acumulo de informações. “Depois da crise originada na bolha imobiliária norte-americana, muito se aprendeu sobre a dinâmica dos mercados e isso permitira às grandes economias solucionar problemas de forma mais rápida e eficiente”.

Um dos resultados do aprendizado resultante da crise será a maior regulação dos mercados financeiros no mundo. Martelanc explica que, embora esses mercados tendam a ter uma menor carga de taxas incidindo sobre eles, a atuação dos governos na economia será maior do que a atualmente observada.

Cotidiano

Além de analisar questões internacionais, também é possível inferir sobre o cenário econômico diretamente ligado à vida das pessoas. Segundo Martelanc, o desenvolvimento da tecnologia permitirá, nas próximas décadas, o barateamento de serviços, como a educação e os transportes, e de produtos. “Em um mundo com mais recursos, bens como carros, por exemplo, serão muito mais acessíveis”, afirma o professor.

A alimentação, grupo de despesas bastante pressionado pela inflação durante esta crise, também deve ficar mais barata. “A mecanização crescente levará ao aumento da produtividade e à redução no desperdício”, explica Martelanc.

De acordo com o professor, a relação dos homens com o dinheiro também será alterada. “O mundo caminha para a extinção do papel moeda. As transações eletrônicas com registros precisos, que já ocorre em menor escala, será predominante. Isso diminui, por exemplo a possibilidade de fraudes e roubos, reduzindo consideravelmente prejuízos oriundos da falta de segurança.

Apesar dos temores gerados pela crise, o aumento de investidores pessoa física nas bolsas de valores é certo, acompanhando a crescente preocupação com a formação de patrimônio para uma aposentadoria segura. Segundo Martelanc, partindo do pressuposto de que viveremos em uma sociedade de pessoas com melhor formação intelectual, a tendência será o aumento da capacidade técnica – e da iniciativa para planejar, executar e colher os resultados que garantam o futuro.