Entre os primeiros da Faculdade de Direito

Quando criança, Rodrigo Felipe Reginaldo queria ser músico. Bem diferente da carreira que viria a escolher na Fuvest: Direito. Decidiu ser advogado durante o Ensino Médio, cursado em uma Escola Técnica Estadual (ETE).

Crescido na Zona Leste, Rodrigo concluiu o Ensino Fundamental em escola de bairro. Estudou três anos em cursinhos tradicionais até ser aprovado naFuvest. Por ser egresso da rede pública, foi beneficiado pelo Inclusp. Mas Rodrigo não conquistou uma vaga na USP só por conta do bônus. No ano passado, chegou a dormir menos de cinco horas por dia. Passava o dia estudando, às vezes até as onze da noite – inclusive nos finais de semana. Resultado: entre os 560 convocados, Rodrigo ficou na 34° colocação.

Dos mais de dez mil candidatos, apenas 360 se declararam negros e apenas 13 foram convocados na primeira fase. Rodrigo é um deles – um dos poucos alunos negros que circulam pelo Largo São Francisco. No entanto, garante que, desde que chegou à USP, nunca foi discriminado. Também nunca se sentiu em desvantagem pela cor de sua pele. Lamenta pelo baixo número de negros nas boas instituições de ensino, mas não concorda com a política de cotas. “Não acho justo que eu entre por ser negro e que o meu colega não entre, porque é branco. Se todos nós viemos de situações sócio-econômicas difíceis, que nos seja dada a oportunidade por essa condição, não pela suposta ‘raça’ que nos diferencia”, afirma Rodrigo, com uma retórica digna de advogado.