Estudantes da Poli recolhem assinaturas contra greve

O manifesto foi lançado pela Comissão para a Defesa do Interesse dos Estudantes (CDIE da USP), criado a partir de um fórum de discussões de alunos da USP na comunidade Orkut. O idealizador do movimento, Rodrigo Capel Pasqua, 19 anos, estudante do terceiro ano do curso de Engenharia de Minas da Escola Politécnica (Poli), diz que o CDIE não quer substituir o DCE, apenas “corrigir o que está errado”. Errado, do ponto de vista dos alunos que aderiram ao movimento, é o posicionamento do DCE favorável às decisões do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp).

Diretor do DCE, Vinícius de Lima Zaparoli, 22 anos, se defende. Para ele, há “incompreensão e confusão sobre o que acontece na universidade e nas assembléias gerais”. Estudante do quarto ano do curso de Letras, Vinícius diz que nem todos os alunos estão cientes da necessidade de se discutir a greve para derrotar projetos que visam destruir a educação pública. Vinícius não é contrário à iniciativa dos alunos que se mobilizam no ambiente virtual.

O próprio DCE tem uma página na internet para a discussão de pautas, convocações e divulgação de atas e documentos, mas o fórum adequado para as questões estudantis são as assembléias promovidas primeiramente pelos CAs e, depois, pelo Diretório Central dos Estudantes.

“O DCE privilegia as assembléias estudantis e a maneira como o movimento estudantil foi construído. Seguimos a metodologia dos movimentos sociais”, afirma Vinícius. “Nunca ninguém foi impedido de falar e comparecer nas assembléias”, completa.

Em reunião realizada entre os CAs dia 16 de maio, na Sede do DCE na Cidade Universitária, dos 37 centros presentes apenas 12 se manifestaram favoráveis à greve. Rodrigo, entretanto, enfatiza que o CDIE é contrário à greve, mas não se opõe a todas as pautas do movimento. “Nossa insatisfação é contra o movimento grevista incontrolado e desmedido”, afirma. Nessa reunião ficou decidido que passará a haver um rodízio entre as unidades e campi para a realização das assembléias, uma das principais reivindicações dos CAs em relação ao DCE.

Segundo Zaparoli, o DCE apenas representa os alunos. “Quem decide pela realização da greve são os estudantes”, diz. Para ele, os CAs e o DCE têm uma necessidade constante de politização na universidade. “Os cursos que recebem apoio de iniciativa privada isolam os alunos da realidade da universidade. Os cursos voltados para a produção de conhecimento e sem viés mercadológico acabam precarizados”, explica. Sobre a reclamação de que as assembléias não são representativas, ele questiona o papel dos CAs na convocação dos estudantes, e diz que o abaixo-assinado pode entrar na pauta da próxima assembléia.