Professores ficam indignados com carta sobre gatilho salarial

Otaviano Helene, presidente da Adusp, disse que havia omissões e informações falsas na carta da Reitoria (foto: Francisco De Laurentiis)
Otaviano Helene, presidente da Adusp, disse que havia omissões e informações falsas na carta da Reitoria (foto: Francisco De Laurentiis)

A carta circular GR/248 (datada de 27 de abril de 2009), enviada pela Reitoria à casa de docentes beneficiários da Ação do Gatilho, deixou muitos deles perplexos. A circular afirma que a demora no pagamento dos gatilhos se deve ao fato da Associação dos Docentes da USP (Adusp) não ter feito os cálculos de quanto cada um deve receber. Os docentes que receberam a carta em casa contataram a Adusp e manifestaram inconformidade em relação às afirmações da Reitoria. A Ação do Gatilho, referente a um percentual de aumento salarial não pago entre julho e dezembro de 1987, foi vencida pela Adusp e está em fase de execução (não cabendo mais recurso por parte da USP).

Segundo o professor Otaviano Helene, presidente da Adusp, o fato da Associação ser responsável por calcular o valor que cada um deve receber é verdade. “Mas os cálculos não foram feitos porque a Reitoria não enviou a lista da remuneração de cada um dos beneficiados do gatilho”, afirma. Na carta, a Reitoria alega que tem dificuldades, pois “na época em que está situado o direito ao gatilho [ano de 1987], o sistema não era informatizado” e também “havia nomes grafados erroneamente, além de estarem constando da lista inúmeros alunos, funcionários administrativos e pessoas sequer vinculadas à Universidade”.

O presidente da Adusp criticou a Reitoria: “Isso não é a realidade, pois não condiz com outras práticas similares [da Reitoria]. Quando alguém pede contagens de tempo, por exemplo,  para fins de aposentadoria, vem uma lista completa, desde o dia que a pessoa entrou na USP, dia-a-dia, cada um dos cargos, promoções, afastamentos, férias, licenças. Tudo perfeito e sistematizado, mesmo que seja de um passado bastante remoto. Quando a Reitoria diz que é difícil fazer a lista, acho que é uma tentativa de ganhar tempo”.

A sentença final também impõe que a Universidade deve reajustar os vencimentos dos beneficiários em 32,96%, e que para isso não há necessidade da Adusp fazer cálculos. Helene reclamou, porém, que isso foi omitido na carta da Reitoria.

A assessoria de imprensa da Reitoria foi contatada no último dia 15 para responder as afirmações de Otaviano Helene. Até o fechamento dessa edição, não houve resposta, em desrespeito ao artigo 5° – inciso XXXIII, da Constituição Federal, que garante que “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral”.