Glossário atualizado do movimento estudantil

Assembléia, CCA, base, vanguarda do movimento… A cultura de política estudantil possui um vocabulário próprio. Para se atualizar de alguns pontos do atual cenário político estudantil da USP e poder acompanhar os próximos acontecimentos de modo mais esclarecido, segue um breve glossário abaixo.
Ocupação ou (re)tomada do DCE

Foi no dia 23 de abril que, por consenso, a primeira Assembléia dos Estudantes deste ano apoiou a volta da sede do DCE ao seu local original, entre o bolsão da Reitoria e o restaurante central. Segundo o site do DCE (dceusp.org.br), 400 alunos entraram no espaço naquela noite. Entregue para reforma em 2006, depois de dois anos e meio a Reitoria apresentou termos que discordavam de grande parte dos grupos estudantis – inclusive o DCE -, como o nome “Centro de Vivência da Reitoria”, com restaurante e lanchonete-café já em licitação.

No último Conselho de Centros Acadêmicos (CCA, 16 de maio), decidiram por consenso “indicar para a Assembléia próxima, 20/05, uma reunião do DCE com a Reitoria para levar a posição dos Estudantes sobre a ocupação da Sede do DCE, tirada em Assembléia Geral. Levar (…) a proposta de retirada dos processos de licitação em implantação na sede(…)”, segundo ata postada no site do DCE.

Enquanto está no impasse da espera por resoluções estudantis, a sede do DCE tem centralizado encontros de grupos de discussões, de greve – inclusive do Sintusp -, de confraternização, de intervenções artísticas e movimentação cultural. Como a festa do dia 20 de maio, após Assembléia Geral.

Comando (da ocupação X de mobilização)

O primeiro comitê (ou comando) foi criado por resolução de Assembléia para executar as deliberações dos estudantes e a participação para discutir e votar era livre. Porém, em deliberação do dia 7, esse comitê foi dissolvido quando foram criados novos critérios para sua constituição, no caso, somente cinco de cada curso têm hoje direito a votar.

Para Júlio Mariutti, militante do Território Livre, essa foi uma manobra para invalidar as ações do comando que esteve agindo até então, com quem o DCE tem divergências. “Mas não vamos parar de nos reunir, não é proibido se organizar”. Com a dissolução, o nome mudou para comando da ocupação e as reuniões continuam ocorrendo na sede do DCE.

Greve dos estudantes

A reunião do Comando de mobilização do dia 18 de maio se posicionou favorável a uma greve dos estudantes, mesmo que a Assembléia do dia 7 do mesmo mês tenha se colocado contra uma greve imediata, a favor da construção dela pelas bases. Base Aluno típico da USP, que pode freqüentar grêmio ou centro acadêmico. Normalmente almejados pela vanguarda do movimento como sujeito carente de informações sobre o que está acontecendo. A base é importante para apoiar a vanguarda, e se fazer ouvir, para ter os direitos respeitados. Mas dificilmente a base vai para a vanguarda.

Vanguarda

A vanguarda do movimento estudantil são os grupos e indivíduos que acompanham de perto as reuniões e assembléias, normalmente ligados a grupos políticos, e/ou ligados pessoalmente à vida deliberativa da universidade. Estudantes ou não, usualmente com interesses políticos. Buscam o apoio das bases, de modo que não tê-la é considerado pejorativo nas assembléias.

Vanguarda x Base

“Minha proposta é pelo fim das inscrições. Porque ficamos ouvindo horas de falas e mais falas para depois votar e ser massa de manobra de quem quer fazer carreira política”, declarou ao microfone um estudante na Assembléia Geral do dia 24 de abril. Estava visivelmente contrariado pela estrutura deste tipo de reunião e organização. A sua proposta não recebeu nenhum voto e até hoje há inscrições para falas nas assembléias da USP – nas últimas, a média foi de dois minutos cada uma.