Da escola para o museu

(foto: Flickr)Museu da Língua Portuguesa, do Brinquedo, do Futebol… Não resta mais dúvida: os museus de São Paulo se multiplicaram, mudaram e estão muito mais próximos das pessoas. As escolas, mais do que nunca, procuram brechas nos seus currículos para encaixar visitas monitoradas, lotando as agendas não apenas dos novos espaços, mas também dos antigos e mais tradicionais. Mas será que os museus de fato ajudam na educação?

Para a educadora e museóloga Marília Cury, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE), museu e educação são conceitos inseparáveis. “O museu não trabalha com o conteúdo, como a escola, mas amplia o conhecimento do indivíduo, criando sentidos àquilo que ele absorve na teoria”. A forma como isso acontece é que está se transformando. Se, no século 19, escolas e museus foram criados para formar uma identidade nacional, hoje essa consciência é construída em conjunto com a sociedade. “A tendência é que se abra mais espaço para a participação do público”, indica.

Heloisa Barbuy, vice-diretora do Museu Paulista da USP (conhecido como Museu do Ipiranga) também enxerga esse movimento e explica que, hoje, “os museus mais visitados do país são aqueles que tocam a identidade do brasileiro”. Mas isso não muda o seu caráter educacional. “Acredito que possa ser feito um trabalho com os professores, para orientá-los quanto ao potencial dos museus não apenas como complemento do ensino formal, mas também como estímulo à criatividade e à reflexão”.

O ideal é que o trabalho dos educadores não se resuma a uma visita monitorada ao museu. É o que defende Marília, que ressalta a importância de se desenvolver uma análise da exposição ao lado dos alunos. “As possibilidades de aprendizado vão muito além do que é visto nos objetos: o professor pode – e deve – explorar temas transversais, como meio ambiente ou sociedade brasileira, fazendo com que os jovens relacionem os diferentes contextos”.

Do museu para a universidade

A USP conta com quatro museus autônomos, além de outros ligados às unidades. Por serem universitários, têm a missão de unir ensino (oferecendo disciplinas e estágios), pesquisa (aplicada na construção dos acervos e documentos) e extensão (com atividades voltadas à sociedade).

Considerando a localização privilegiada, seria esperado que a maior parte do seu público fosse formada por alunos da universidade, mas não é o que se nota. No MAE, são poucos os estudantes da USP que aparecem como visitantes. “Temos muitos estagiários e pesquisadores, mas não somos procurados como atividade cultural”, lamenta Marília, mostrando a planilha de visitação do museu:  quase a totalidade do público vem das escolas de ensino fundamental e médio.