Mudanças para o Mundial podem trazer benefícios

Ao indicar um país como sede para uma Copa do Mundo, uma das preocupações declaradas da Fifa é, além de popularizar o esporte no país e em regiões próximas, garantir que as obras e benefícios realizados sejam aproveitados de forma duradoura pela nação-sede e por seus habitantes.

O objetivo merece especial atenção quando o Mundial é sediado em países emergentes, já que os recursos disponibilizados pelos governos são limitados. Nações como Uruguai, Argentina, Chile, México e mesmo o Brasil, em 1950, já passaram por essa situação ao receber a incumbência de hospedar uma Copa.

Os custos, geralmente altos, são justificados com benefícios de longo prazo para essas nações. Porém, as dúvidas começam logo na decisão de se construir ou reformar estádios. “A construção de novos estádios implica em investimentos com custos altos, cujo retorno é extremamente lento e questionável”, argumenta o professor Mário Beni, especialista em turismo e membro da OMT (Organização Mundial de Turismo) e do Conselho Nacional de Turismo. Alguns estádios, após serem dimensionados para receber a ocupação mínima exigida pela Fifa, não teriam mais uma demanda que sustentasse os custos, após o término dos jogos da Copa.

Já o professor de Educação Física, Bernardo Villano, argumenta que a construção ou remodelação depende do projeto esperado, que deve estar atrelado a um projeto único para a competição. Ele cita o exemplo de um mega evento mais recente, as Olimpíadas de Pequim, no ano passado. “A construção de todas as magníficas instalações utilizadas em Pequim tinha a clara intenção de mostrar a grande capacidade de criação e execução desta nova China que se abre ao mundo. Logo, dentro do contexto apresentado, a decisão que melhor atendia aos objetivos maiores do projeto era o da construção de novas instalações e não a remodelagem”, diz ele.

Apesar disso, ambos concordam que o investimento pode valer a pena caso sejam direcionados para áreas carentes na infra-estrutura de um país. “Claro que os países subdesenvolvidos que sediaram anteriormente a Copa investiram muito na infra-estrutura e nos equipamentos receptivos e naturalmente se beneficiaram disso”, afirma Mário Beni. Esses benefícios não são suficientes para cobrirem a carência de países emergentes, porém “seus efeitos poderão ser maximizados e se tornarem bastantes significativos, caso se desenvolva um precoce e detalhado processo de planejamento”, aponta Villano.