USP busca alternativas para proliferação de palmeiras

Invasão biológica de palmeiras australianas coloca em risco a mata nativa (foto: Francine Segawa)
Invasão biológica de palmeiras australianas coloca em risco a mata nativa (foto: Francine Segawa)

A palmeira seafórtia está invadindo o fragmento de Reserva Florestal da Cidade Universitária, localizado perto do Instituto de Biologia (IB). A planta ornamental é nativa da Austrália e foi  trazida para o Brasil no final do século 19. Há cerca de 50 anos começou a ser plantada no campus de São Paulo.

Dois estudos orientados pela professora Vânia Pivello, feitos a partir de 1997, mostram que, ao mesmo tempo em que a quantidade dessas palmeiras tem um grande crescimento, a de outras árvores nativas da região tem diminuído, o que caracteriza o fenômeno de invasão biológica. Em 1999, havia 310 palmeiras seafórtia na reserva e, em 2005, elas já chegavam a 464.

Por isso, há cerca de um ano foi iniciada uma parceria, na qual foi reativada uma comissão dentro do IB que cuida da reserva e, a partir de então, a Coordenadoria –  responsável pela jardinagem das áreas verdes da USP – iniciou o manejo da espécie. De acordo com Vânia, foi solicitado o corte de cachos de flores e frutos ou a remoção da palmeira, com substituição por árvores nativas que também ofereçam alimentos aos pássaros. Até agora, foram cortados os cachos de palmeiras localizadas perto do portão 1 e está em andamento o pedido de autorização de corte das árvores, que foi enviado para a Prefeitura de São Paulo.

Segundo Vânia, há grande preocupação que essa palmeira pegue outros remanescentes de Mata Atlântica e cause problemas muito mais sérios, como a invasão de fragmentos da Serra do Mar. Ainda segundo a pesquisadora, a substituição da palmeira tem de ser estudada, já que somente cortar as árvores abriria clareiras que favoreceriam novos processos de invasão biológica.

No âmbito municipal, de acordo com Ricardo Cardim, da Associação dos Amigos das Árvores de São Paulo, é possível observar que o fenômeno ocorre também no Parque Trianon, no Parque Alfredo Volpi e em outros fragmentos de floresta. “Eles estão seriamente ameaçados em sua existência e continuidade por causa desse tipo de planta invasora”, afirma. Cardim já fez reuniões com o Secretário do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, mas ainda  não se chegou a uma propostade solução.