Carta: nota sobre os trabalhadores da Polícia Militar do Estado de São Paulo

Dos estudantes de Filosofia da USP

Nós, estudantes de Filosofia na FFLCH/USP, reunidos em assembléia no dia 25 de junho de 2009, reiteramos repúdio à presença e à possibilidade de reentrada da Polícia Militar no campus Butantã, da Universidade de São Paulo. Dispensável é retomar análises que apontam a incompatibilidade entre repressão policial e um ambiente de livre-pensamento, diálogo, bem como a incomensurabilidade entre a força policial militar e ações de desobediência civil, pacíficas. Reivindicações trabalhistas e estudantis deliberadas em instâncias máximas de decisão dos estudantes, funcionários e professores, não são resolvidas por meio da força policial, além do mais, militarizada.  Afirmamos, no entanto, nossa solidariedade, não ao policial fardado que reprime manifestações sociais como máquina de força, mas aos trabalhadores que, como policiais militares, são trabalhadores de exceção. Com efeito, diante de baixos salários (um soldado tem o salário bruto inicial de R$ 2.027, 37), de irrisório seguro de vida à família do militar em caso de morte, exclusivamente, em trabalho (R$ 50.000), eles, não obstante, são um dos únicos trabalhadores sem direito de greve, sem direito a uma forma historicamente democrática de reivindicação de direitos, inclusive porque pertencem a uma corporação militar cuja existência é inaceitável em uma democracia. Destacamos também nossa solidariedade aos trabalhadores da PM que, sob o risco de cárcere, não têm direito de desobedecer decisões judiciais ilegítimas como a liminar de 28 de maio de 2009, que autorizou ação policial militar no campus da universidade. A todos os trabalhadores de exceção e às suas famílias, a nossa solidariedade.

Carta enviada pelo doutorando Luiz Marcos da Silva Filho ao Jornal do Campus. Fale com a redação.