Peça da EAD debate conflito entre dever coletivo e ética individual

Mauser suscita questões sobre ética, individualidade, coletividade, limites, identidade e escolhas (foto: Divulgação)
Mauser suscita questões sobre ética, individualidade, coletividade, limites, identidade e escolhas (foto: Divulgação)

No palco da Escola de Comunicações e Artes (ECA), está em cartaz até 12 de julho a peça Mauser, de Heiner Müller. Os alunos do último ano da Escola de Artes Dramáticas (EAD) da ECA, dirigidos por Celso Frateschi, contam a história de dois soldados frente a uma mesma tarefa dada pela Revolução.

Um deles não conseguirá cumprir sua função – e sofrerá as conseqüências de sua fraqueza. O outro soldado assume a mesma tarefa, mas vai muito além do necessário. De uma trama aparentemente simples emerge um universo onde o indivíduo se confunde com seu próprio trabalho, suscitando questões sobre ética, individualidade, coletividade, limites, identidade e escolhas.

A peça não dá nomes a lugares ou personagens, tampouco faz uma marca precisa de tempo. Os dois soldados, em torno de quem girarão as principais questões de identidade e coletividade, são referidos como Soldado B e A.

Lucas Valadares, um dos atores da peça, destaca: “o que a gente quis durante a encenação é deixar bem explícito a palavra”. Segundo ele explica, os atores tiveram de se “limpar de tudo: gestos, efeitos, dessa culpa cristã que trazemos da nossa formação. Não existe culpado, bom ou mal, certo ou errado. A vida não é justa nem injusta. Ela é o que ela é”.

Para ele, aí reside a grande dificuldade da montagem. A força poética da peça é tamanha que o ator deve apenas dar voz a ela e a emoção virá sozinha. “É o ator chegar e dar o texto com a consciência dele”, diz. Mas esse “apenas dar voz” exige do intérprete grande preparação, seja para se livrar de qualquer excesso dramático ou julgamento preconceituoso sobre as ações dos personagens como para situar o contexto dramático da peça no realidade da nossa vivência cotidiana.

Para o ator, a peça lida principalmente com as máscaras que um indivíduo coloca (ou é colocado) quando se insere em um contexto coletivo. “Todos nós somos capazes de violência. Saber dosar e lidar com esse que é um instinto natural do homem é essencial para entendermos revoluções, guerras – esse coletivo que está impregnado e envenenado por causa do indivíduo”, finaliza.

Peça Mauser
Quando: de 5ª a sábado, às 21h; aos domingos, às 20h – ate 12 de julho
Onde: Prédio das Artes Cênicas, sala 22 – Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 215, Cidade Universitária, São Paulo, SP
Tel: (11) 3091-4376
Entrada franca. A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo.