Sintusp questiona FEA sobre risco de gripe suína entre funcionários

Sindicato considera que o não afastamento de funcionários é uma medida discriminatória

Com a confirmação na última quinta-feira (25) de três casos de influenza A (vírus H1N1), popularmente conhecida como “gripe suína”, entre alunos da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), a diretoria da unidade optou por dispensar as turmas da graduação de suas atividades obrigatórias. Por conta da medida, Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) considera que os funcionários não tiveram o mesmo tratamento e continuaram a freqüentar o ambiente de trabalho, mesmo em situação de risco.

Na sexta-feira, representantes do Sintusp estiveram com o diretor da FEA, professor Carlos Azzoni, para tratar do assunto. Ele afirmou que levaria o caso à Reitoria e pediu que o sindicato fizesse um ofício da queixa por escrito.

Ao JC, o diretor da FEA explica que, inicialmente, com orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram dispensadas apenas as turmas dos alunos com a gripe diagnosticada. No entanto, “por precaução, e porque é difícil circunscrever o grupo de contágio – nossas turmas não são fechadas – tomamos a decisão de suspender as aulas da graduação”, explica o diretor. “As demais atividades da FEA (como as aulas de pós-graduação, seminários, pesquisas) foram mantidas, não sendo dispensados os professores e os funcionários”.

Azzoni afirma que, além da Anvisa, consultou o diretor da Faculdade de Saúde Pública (FSP), Chester Luiz Galvao César, e o diretor do Hospital Universitário (HU), Paulo Andrade Lotufo, sobre os procedimentos de prevenção e saúde. Em relação à dispensa dos alunos, o diretor da FEA afirma ter obtido o consentimento da pró-reitora de Graduação, Selma Garrido, do chefe de gabinete da Reitoria, Alberto Carlos Amadio, e da reitora Suely Vilela.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Reitoria informou apenas que orientou a diretoria da FEA a procurar “os órgãos competentes na área da Saúde para obter informações quanto aos procedimentos a serem adotados”.

Segundo Magno de Carvalho, do Sintusp, a providência tomada pela Diretoria da FEA é discriminatória, pois os trabalhadores estão em constante contato com os alunos, e a chance de contágio é a mesma para todos os grupos. Fábio*, funcionário da FEA, concorda: “Os funcionários não são imunes. Temos contato direto com os alunos, mais do que muitos professores”. Jorge*, também funcionário, conta que não houve orientação para o uso de máscaras, apesar dos funcionários da Diretoria terem adotado o procedimento. “Eu usei por conta própria”, afirma Jorge.
Em comunicado, a Diretoria da FEA anunciou a transferência das provas finais para a semana de 13 a 17 de julho. Orientou, também, que a comunidade acadêmica estivesse atenta e indicou os hospitais a serem procurados em caso de sintomas da doença.

FEANutri Junina

Além das aulas de graduação terem sido suspensas, o Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC), da FEA, cancelou a festa junina que estava programada para sexta-feira (26), em conjunto com a Atlética da Nutrição.
Segundo Milton José Daré Junior, diretor de eventos do CAVC, “a decisão foi do próprio centro acadêmico, a fim de evitar qualquer mínima chance do possível contágio da gripe suína”. Para ele, a dispensa dos alunos é uma medida pertinente, já que “previne os alunos de qualquer chance de adquirir a doença”.

*Os verdadeiros nomes dos funcionários foram omitidos por pedido deles, que preferem não ser identificados