Burocracia afeta empréstimos

Administração descentralizada prejudica trocas entre as bibliotecas da USP

Até 1981, a USP mantinha, no campus da capital, uma biblioteca central, que abrigava livros de todos os cursos da universidade e outras bibliotecas menores dentro de cada departamento. Naquele ano, porém, optou-se por um sistema diferente, o atual, em que cada unidade tem apenas uma biblioteca, sem que haja uma central. O porquê dessa escolha é facilmente compreendido. Com um campus das proporções de uma cidade pequena e 28 escolas e institutos, ter uma biblioteca central cuja localização e estrutura sejam satisfatórias para a maioria dos alunos é praticamente impossível. Além disso, o critério para decidir a qual biblioteca pertence determinado livro pode ser difícil de ser estabelecido.

Contudo, apesar de separadas, as bibliotecas são todas subordinadas ao Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi), responsável por determinar desde o sistema de catalogação do acervo até a distribuição da verba para aquisição dos livros. Segundo o professor Waldomiro Vergueiro, chefe do Departamento de Biblioteconomia da ECA, “o sistema foi criado para que as bibliotecas não ficassem isoladas, facilitando o empréstimo entre unidades, por exemplo.”

Algo parecido é feito em outras universidades. A Unicamp, por exemplo, tem uma biblioteca central e outras espalhadas pelo campus e o aluno tem acesso a todas a partir do momento em que recebe a carteirinha da universidade.

Burocracia

Na Universidade de São Paulo, o maior problema é que o sistema não funciona plenamente e a separação acaba não sendo só física. O empréstimo de livros entre unidades é possível, mas burocrático. Cada biblioteca mantém um cadastro próprio de seus usuários e quando alguém de fora precisa de algum material, tem que fazer um requerimento na biblioteca de sua unidade e levá-lo até onde está o livro que quer. Mais simples seria se todas as bibliotecas utilizassem o cadastro que os alunos têm que fazer quando entram na USP e aceitassem a carteirinha da universidade, como fazem as grandes universidades, de Unicamp a Harvard.

De acordo com Maria do Coutto, diretora substituta do SIBi, o problema já é conhecido e “estão sendo empenhados esforços para resolvê-lo. Experiências locais como a do campus da Saúde Pública, onde qualquer estudante da USP pode se cadastrar e pegar livros emprestados, mostram que esse é funcionamento ideal do sistema.” Para que se atinja esse nível de integração, porém, ainda é necessário superar alguns obstáculos, como o fato de que cada biblioteca , sendo administrada por sua unidade, tem regimento próprio.

O SIBi (Sistema Integrado de Bibliotecas) não soluciona questão da burocracia (foto: Carol Nehring)
O SIBi (Sistema Integrado de Bibliotecas) não soluciona questão da burocracia (foto: Carol Nehring)

Bibliotecas em números

140 mil é o número aproximado de usuários cadastrados nas bibliotecas da USP.

34,1 mil itens foram emprestados entre bibliotecas em 2008.

1 milhão de acessos foram feitos ao SIBiNet, o site do SIBi, no último ano.

2,1 milhões de livros no sistema de bibliotecas da USP.

(valores aproximados; fonte: SIBiNet)