Escola de Arte Dramática: 60 anos de vida

Curso voltado para formar atores fez parte do movimento de modernização da cultura brasileira

Caco Ciocler, Dan Stulbach, Marisa Orth, Francisco Cuoco, Aracy Balabanian e Ney Latorraca. O que há em comum entre eles, além de uma carreira de sucesso no meio artístico? Todos se formaram na Escola de Arte Dramática (EAD) da USP.

“Só se pode revolucionar o teatro brasileiro se criarmos um novo ator”, explica Nanci Fernandes, professora de História do Teatro da EAD. Foi esse o pensamento de Alfredo Mesquita em 1948, quando resolveu criar a Escola. De acordo com Nanci, Mesquita fazia parte da elite paulista, tinha uma cultura refinada e queria trazer o profissionalismo europeu para o Brasil. Isso era uma tendência da elite paulista na época: “Eles não se conformavam que aqui tudo fosse tão atrasado, então agiam como uma espécie de mecenas”. A professora explica que o surgimento da EAD fez parte da modernização da cultura brasileira, junto com o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), o MAC (Museu de Arte Contemporânea) e a Cinemateca.

Apesar de sua importância, a escola passou por muitas dificuldades em seus primeiros 20 anos, porque, apesar de particular, era gratuita. Mesquita arcava com todos os custos, às vezes ajudado por amigos. Em 1968, quando seu dono não conseguia mais sustentar a escola, ela foi transferida para a USP, que criaria junto à Escola de Comunicações Culturais (hoje Escola de Comunicações e Artes).

“Teatro é duro”

Essa exclamação foi feita por um dos alunos, exausto após uma das aulas de corpo, logo que a escola surgiu. A frase foi colada na porta de uma das salas de aula e permaneceu como lema da EAD. Thaís Póvoa, formada pela escola e no último ano de graduação em Artes Cênicas pela ECA, concorda. Ela e seus companheiros de turma formaram uma companhia de teatro e batalham para conseguir espaço no mercado. “Como tudo no começo, é muito difícil, mas estamos bem articulados”.

De acordo com Sandra Sproesser, professora de Introdução ao Teatro e diretora da EAD pela segunda vez, a escola tem também uma função de cidadania.

Abrimos nossas apresentações ao público gratuitamente, já apresentamos em periferias. Temos a preocupação de formar um público para o teatro e difundir cultura”, conta. “Afinal, o teatro é uma arte universal, coletiva, é bom que haja essa integração.

Calçada da Fama:

Veja os famosos que já passaram pelos tapetes da EAD e o que eles dizem sobre a Escola

Calçada da Fama da EAD (fotos: Divulgação; arte: Lucas Tófoli Lopes)