Mais que um relógio?

“No Universo da Cultura o centro está em toda a parte”. Essa frase de Miguel Reale, reitor da USP de 1949 a 1950 e 1969 a 1973, resume bem a concepção original atribuída à Torre do Relógio (ou da Universidade): ser o ponto central do campus, ditando o ritmo da vida universitária.

A idéia de erguer a Torre vem desde antes da construção do campus, no início dos anos cinqüenta. Em 1955, Elisabeth Nobiling, professora de Plástica da FAU, foi convidada por Rino Levi a desenvolver a parte escultórica da obra, é uma doação da colônia portuguesa de São Paulo. Aliás, o projeto original de Levi, que fez o desenho da praça que abriga o monumento, previa a instalação de três sinos, réplicas dos que ficam na Universidade de Coimbra. Porém, essa parte do projeto não vingou e o sino doado encontra-se hoje nos arredores da reitoria.

No dia 23 de janeiro de 1954, a pedra fundamental da torre foi inaugurada em comemoração ao IV Centenário da Cidade de São Paulo. No entanto, as obras só começaram em 1972, sendo encerradas em 1973. Da parceria com a colônia lusitana nota-se, por exemplo, o piso em mosaico português, onde a frase de Miguel Reale está inscrita.

Muito mais que um relógio!

A torre é composta por duas lâminas paralelas, nas quais há doze desenhos em alto e baixo relevo.

O lado voltado para a Antiga Reitoria representa, de acordo com o artista, a “fantasia”: a figura mais abaixo, a Filosofia (1), ladeada por seus “amigos” (de baixo para cima) Arquitetura (2) (e Artes Plásticas); a Dança, a Música e o Teatro (3); as Ciências Econômicas (4); as Ciências Sociais (5); e, por fim, a Poesia (6). Já o outro lado representaria a “realidade”: Matemática (7); Ciências Geológicas (8); a Física (9); as Ciências Biológicas (10); a Química (11); e a Astronomia (12).

“Não faço idéia do que a Torre representa”, afirmou Vanessa, aluna da Geociências. “Já li sobre o monumento, mas não lembro onde. Não sei o que ele pretende representar não”, confessou André, estudante de Engenharia Mecânica. Pois é, a maior parte das pessoas que passam pela Torre não tem conhecimento, já que a placa informativa não estava ao lado da obra, onde deveria estar.

Carlos Eduardo Ruiz Teixeira, do 4º ano de Economia, foi uma exceção, mas conhecia o significado da Torre por ter participado de um evento ali tempos atrás.

Fantasia e Realidade: os desenhos na torre do Relógio, de Elisabeth Nobiling