Arte corporal favorece bem-estar psicológico

Ao falar de dança, é necessário falar da dançaterapia – assunto pouco estudado no Brasil, mas presente no meio acadêmico. No entanto, ao contrário do que o próprio nome diz, a terapia através da dança é refutada por alguns estudiosos da área. Estes ressaltam, porém, que ela complementa bem tratamentos.

Érika Inforsato, terapeuta ocupacional e integrante do Laboratório de Estudos e Pesquisas Arte e Corpo do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP (Fofito – FMUSP), conta que o laboratório não utiliza o termo  dançaterapia”. O motivo está no fato de que a dança não constitui inicialmente uma prática terapêutica, apesar de entender-se que a clínica e o campo das artes possuem conexões.

Sua utilização como método complementar, contudo, é bastante oportuna. “É importante ressaltar que o ‘status’ da dança que nos interessa é o artístico, aquele que permite inventar outras formas, extrair maneiras outras de sentir e de pensar e inaugurar toda uma nova linguagem para a vida de quem experimenta a potência artística da dança”, diz a terapeuta ocupacional.

O professor de Psicologia da Universidade de Brasília, Norberto Abreu, que fez um mestrado na USP a respeito do tema, reafirma a dança como método
complementar de terapias (nesse caso, psicoterapia). “A dança e as artes corporais são, antes de tudo, métodos de reabilitação do corpo, pelos quais os sujeitos reformulam ou reorganizam seus usos do corpo”, explica.

Abreu também cita a dança como método complementar para tratamento do autismo utilizado por Marian Chace, fundadora da dançaterapia nos
Estados Unidos. A dança, nesse caso, era facilitadora para a comunicação dos pacientes e permitia a realização da psicoterapia.

Na prática, a atividade mostra-se um elemento de apoio em momentos difíceis, conta Sérgio Eston, professor do curso de Dança Espontânea oferecido no Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp). O curso é voltado para a terceira idade e recebe pessoas que passaram por perdas afetivas, como a vivida pela aluna Elvira, de 74 anos, levada ao projeto pelo filho após tornar-se viúva. “A gente fica introspectivo e a dança é boa para fazer amizades, com as colegas, com os professores. Eu me sinto revitalizada”, conta.

Aulas de dança para a terceira idade no campus criam ambiente de descontração (foto: Yuri Gonzaga)
Aulas de dança para a terceira idade no campus criam ambiente de descontração (foto: Yuri Gonzaga)