Diplomacia brasileira assume nova postura

A condução do caso Honduras fez com que a diplomacia brasileira passasse por um momento particular em sua história. Reconhecido pela sua tradição não-intervencionista, o Brasil está tendo que mediar a disputa entre um presidente deposto e um governo de fato. O agravante é que a situação ocorre em território estrangeiro e já teve o envolvimento da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Segundo revista norte-americana Time, “Brasília se encontra no tipo de centro das atenções diplomático do qual no passado tentou se afastar”. No entanto, a publicação afirma que o país não deveria estar surpreso em assumir a responsabilidade, visto que “nos últimos anos, a potência sul-americana tem sido reconhecida como o primeiro contrapeso real aos EUA no hemisfério ocidental – e isto significa, pelo menos para outros países nas Américas, assumir um papel maior e mais pró-ativo em ajudar a resolver distúrbios políticos do Novo Mundo,  como Honduras”.

O professor de política da FFLCH, Oliveiros Ferreira entende o novo posicionamento brasileiro sob um prisma diferente. Para ele, a política externa do Governo Lula se destaca no meio internacional, pois visa apresentar medidas, de fato, “necessárias” como “virtuosas”. Oliveiros explica que, no caso de Honduras, quando era necessário apenas condenar a ação dos golpistas, o Presidente Lula e Chanceler Celso Amorim logo chamaram mais atenção sobre a situação: solicitaram intervenções dos EUA e alertaram sobre a influência de outros golpes no continente.

“A veemência que Lula e Amorim colocavam na condenação, temendo que houvesse outros ‘golpes’ na América Latina, deixou em muitos a impressão de que temiam que alguma coisa parecida acontecesse no Brasil”.

Oliveiros explica também que, oficialmente, as políticas norte-americanas e brasileiras não são conflitantes. A diferença refere-se “apenas que o Brasil quer destacar-se como se fosse mais importante que os Estados Unidos na América Central e nas Antilhas”.