Especial exagera em fotos

Caros leitores.

Agradeço as mensagens que tenho recebido. Muitas delas críticas da minha coluna. Denunciam equívocos nas últimas edições do JC, quase todos ortográficos, não destacados pelo ombudsman. Estão cobertos de razão. Observo apenas que os limites da coluna – como em qualquer outro trabalho jornalístico – exigem valoração dos itens a analisar. Procedimento fundado em critérios que decidi adotar. E que, obviamente, poderiam ser outros. A especificidade de uma produção jornalística ainda escolar orienta a ação do ombudsman para a formação do futuro profissional. Neste caso, a recepção do jornal pelo leitor e suas reações são meios para esta formação. Em contrapartida, num jornal comercial, esta ordem de prioridades se inverteria.

O JC, na edição referente à segunda quinzena de outubro, o encarte especial destaca, na sua primeira página, a disputa pela reitoria. Oito fotos poluem a página. Na legenda, uma lista dos nomes dos candidatos, abruptamente interrompida em “Fran-“. O mediador mereceu uma foto que, embora menor que a dos candidatos, encontra-se isolada e, portanto, em posição marcante. Talvez por ser jornalista.

A análise do mandato de Suely na página 2, e os esclarecimentos sobre o processo eleitoral na página 3 estão adequados. Já nas páginas 4 e 5 o leitor é agredido com uma nova bateria de fotos dos candidatos e um texto que procura relacionar as propostas com seus autores. O resultado é sofrível. Nas páginas 6 e 7, o JC apresenta uma tabela com os principais temas e as opiniões dos candidatos. A manchete, cartas na mesa, é acompanhada de caricaturas dos candidatos em cartas de baralho. A opção editorial é temerária. O risco das deformações fisionômicas não respeitarem uma certa equidade, deslegitimando mais a uns do que a outros, era grande.

É tudo por hoje.

Clóvis de Barros Filho é professor livre-docente de ética na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo. Fale com o ombudsman.