Fábrica Verde cria nova Cooperativa

A prefeitura do Campus da Capital e a Secretaria Municipal do Trabalho (SMTrab) deram início em agosto de 2008 ao Projeto Fábrica Verde de capacitação de pessoas carentes em serviços de paisagismo e jardinagem. Passado um ano, os beneficiários criam sua primeira cooperativa, COOPEJ (Cooperativa de Jardinagem e Paisagismo), como forma de gerar renda própria.

Formada por 26 pessoas, a maioria vinda do projeto desenvolvido na USP Leste, a COOPEJ é resultado da iniciativa dos próprios participantes, treinados para o manejo de plantas, produção de compostos e orientados a montar seus negócios. Segundo Márcia Regina Mauro, responsável pelo Fábrica Verde na USP, capacitar e formar empreendedores de forma auto-sustentável é o objetivo das ações.

A COOPEJ vem sendo formalizada e ainda não tem sua sede definida. No momento eles buscam, com a ajuda de parceiros públicos, um local para se instalar em regime de comodato – em que paguem as despesas, mas não o aluguel. Enquanto isso, dependências da USP Leste e Butantã abrigam a cooperativa.

Segundo Fernando Sandim, responsável pelo projeto por parte da SMTrab, está em fase de finalização o planejamento para dar continuidade ao Fábrica Verde em outras áreas carentes de São Paulo. Serão mais três turmas com 40 beneficiados cada.

Projeto traz inclusão social por meio da jardinagem (foto: Yuri Gonzaga)
Projeto traz inclusão social por meio da jardinagem (foto: Yuri Gonzaga)
Sobre o Fábrica Verde

De acordo com Sandim, a ideia do projeto surgiu em 2005 voltada para a agricultura urbana devido ao potencial do mercado para a área.

Inicialmente a Secretaria Municipal do Trabalho (SMTrab) estava sem profissionais capacitados, dificultando o início das atividades. Mudanças na Secretaria e greves na USP também fizeram com que a primeira turma começasse somente em agosto de 2008.

A proposta do Fábrica Verde, segundo ele, é gerar trabalho e renda, a partir da capacitação, treinamento e incubação de pessoas consideradas de alta vulnerabilidade social. O objetivo final é possibilitar a criação de empreendimentos como a recém-formada COOPEJ (Cooperativa de Jardinagem e Paisagismo).

As aulas e o acompanhamento dos beneficiários foram dados pelo Engenheiro Agrônomo Wagner Novais, funcionário da Secretaria Municipal do Trabalho. Segundo Sandim, além da capacitação técnica, a SMTrab também faz intervenções de serviço social e oferece os conteúdos de empreendedorismo e gestão de negócios por meio de parceiros como o Sebrae e a Sabesp.

Já Universidade de São Paulo oferece o espaço para as aulas práticas e teóricas, tanto no campus Butantã quanto Leste. Segundo a responsável pelo projeto por parte da USP, a engenheira Márcia Regina Mauro, a Universidade também disponibiliza resíduos orgânicos provenientes da limpeza de praças e jardins do campus e esterco da veterinária para a produção de composto. Há ainda, a participação de estudantes estagiários das áreas de Biologia e Gestão Ambiental.

Os beneficiários do projeto tiveram aulas durante um ano e recebiam um auxílio de R$488,25 em dinheiro da SMTrab para se dedicarem a suas ações. Segundo Márcia, no momento, os participantes estão em fase de incubação e já não recebem mais o auxílio. A preocupação agora é fazer com que se auto-desenvolvam por meio da cooperativa criada.

Clemente José Aureliano, 47 anos, é um dos cerca de 25 moradores da comunidade São Remo que começaram no projeto e hoje faz parte da cooperativa com mais duas pessoas da comunidade. Responsável pelo transporte e logística da COOPEJ conta que estava desempregado quando soube do Fábrica Verde. Ex-agente de operação, Aureliano disse que nunca tinha mexido com terra e que é por meio dela que hoje pretende se sustentar.

A COOPEJ oferece serviços de jardinagem e paisagismo básico e vende mudas de plantas ornamentais, ervas, temperos e composto orgânico. O valor dos produtos tende a seguir os preços do mercado. Segundo Sandim, “por vezes pode haver preços mais baixos, mas o grande diferencial de ser seu cliente é apoiar um projeto social, ajudando no desenvolvimento da cidade em que se vive.”