Oliva encabeça lista tríplice da USP

Nomes só foram definidos após três tentativas. Rodas fica em segundo lugar, seguido por Corbani

O professor Glaucius Oliva, do Instituto de Física de São Carlos, venceu o 2º turno das eleições para reitor. A escolha foi ratificada apenas após a terceira votação do dia, já que nas duas primeiras nenhum dos candidatos atingiu a maioria absoluta de 274 votos. Esse critério é dispensado para o terceiro escrutínio.

Os três nomes eleitos na votação irão formar uma lista a ser enviada ao governador José Serra, a fim de que ele decida qual será o próximo reitor. Tradicionalmente, o Palácio dos Bandeirantes tende a escolher para o cargo o primeiro colocado no processo de votação da universidade.

Oliva, questionado sobre a possibilidade de ser preterido pelo governador em favor do segundo colocado, João Grandino Rodas, da Faculdade de Direito – que teria mais afinidade com o Palácio dos Bandeirantes – mostrou ponderação.

“Não tenho essa informação, mas a USP escolheu um sistema de eleição que pressupõe uma representação da sociedade através de seu governador eleito. Essa é a regra do jogo e, portanto, o que hoje conquistei foi o direito de encabeçar a lista. Ela expressa a vontade desse colégio eleitoral e do anterior. Não há muito o que fazer senão aguardar”.

A atual gestão de Suely Vilela ficou marcada pela tensão entre Reitoria e parte dos docentes, alunos e funcionários da universidade. Durante a votação de ontem, houve novos protestos do lado de fora do Memorial, já que o acesso foi barrado pela presença da Polícia Militar. Além disso, a reitora é acusada de dificultar a relação com a imprensa, que, na tarde de ontem, só pôde aproximar-se do local da eleição após o término do processo – cinco horas após seu início.

Lista Tríplice

Nos últimos meses, com a proximidade das eleições, muito tem se discutido sobre sua representatividade. Um dos pontos desse debate gira justamente em torno da lista-tríplice.

O professor Walter Colli, do Instituto de Química da USP e candidato duas vezes à Reitoria, defende o sistema em vigência na universidade. “O governador foi eleito pela população de São Paulo. Ele teria a liberdade de nomear o reitor que quisesse? Não. E a universidade teria o direito de nomear o reitor que quisesse? Também não. Por isso, ela indica três nomes, dentre os quais o governo escolhe. É uma forma de equilíbrio entre o poder político e a universidade”.

Já Ruy Braga Neto, professor de sociologia da FFLCH, discorda, classificando a lista como o “coroamento de um processo anti-democrático”. “Sou contra todo o processo de indicação do reitor, pois ele discrimina parte considerável da comunidade acadêmica. Isso certamente não pode redundar em bons resultados,” diz ele.

Resultados do segundo turno (arte: Felipe Marques)

Quem vota no segundo turno (arte: Felipe Marques)