Brasil cresce, mas com ressalvas

PIB brasileiro crescerá dobro do americano (arte: Lucas Tófoli Lopes)“Esse ano, o Brasil melhorou em comparação a outros países, mas continua abaixo da média”.  A fala é de Jacques Marcovitch, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. “Devemos ter cuidado com a idealização de um país que de uma hora para outra tem só qualidades”, acrescenta.  Segundo ele, o avanço brasileiro nos rankings mundiais mais recentes deve-se, sobretudo, à piora de outros países.
De acordo com as classificações mundiais de competitividade mais recentes, o Brasil melhorou sua posição. Na lista do Internacional Institute for Management Development (IMD), o país passou de 43º colocado, no ano passado, para o 40º, em 2009. Já segundo o Fórum Econômico Mundial 2009-2010, avançou oito posições, tornando-se o 56º colocado.

Essa melhora na classificação do Brasil deve-se à queda recente de outros países, explica Marcovitch. É o caso, por exemplo, da Grécia, segundo o IMD.

Já em relação à crise econômica mundial do ano passado, Marcovitch acredita que o Brasil teve bom desempenho (em comparação a outras nações) “porque fez sua lição de casa durante a debilidade financeira de 1970 a 90”, quando o país criou um sistema de monitoramento de bancos mais sólido do que os de outros países.

Para o professor, o país possui hoje uma tendência de melhora, devido principalmente à relativa estabilidade econômica alcançada nos últimos 16 anos. No entanto, ele destaca que o país possui ainda muitos problemas. “Se esse Brasil que decola for entendido como uma oportunidade para resolver esses problemas, então faz sentido. Mas se esse Brasil que decola der o sentimento de que já conquistamos um espaço de liderança, voltaremos a sofrer dores de crescimento”, conclui.