Diplomacia e propaganda criam imagem do Brasil

Fala, presidente (foto: Ricardo Stuckert/PR/Agência Brasil)A forma pela qual o mundo percebe o Brasil recebe grande importância do atual governo brasileiro. Evidência disso é a recente contratação pela Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República de uma agência de comunicação para gerenciar a imagem do país no exterior, algo inédito na história do Brasil. O contrato foi firmado no final do ano passado com o Grupo CDN.

O subsecretário da Secom, Otoni Fernandes Jr., declarou ao Portal Imprensa do UOL, em novembro de 2008, que o objetivo da CDN seria “promover o Brasil e contribuir para atrair investimentos”.

Segundo Paulo Nassar, coordenador do curso de Relações Públicas da USP e diretor-geral da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), essa contratação indica a disputa do governo por espaços na mídia internacional.

“Se você não tiver uma estratégia de propaganda, você não ocupa esses espaços”, diz. Para Nassar, o Brasil administra cada vez mais as informações que são passadas ao exterior.

Apesar do alto investimento em propaganda do atual governo, há 20 anos a imagem do país perante o mundo vem melhorando, de acordo com José Álvaro Moisés. Segundo ele, isso se deve à chamada “diplomacia presidencial”, adotada por Fernando Henrique Cardoso e por Lula.

Moisés aponta que essa nova imagem eleva a auto-estima da sociedade e faz com que o Brasil seja visto como um parceiro importante para discussões internacionais. “Isso está ajudando a reivindicação brasileira de ocupar um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU”, exemplifica.

“Imagem do país não deve servir a disputa partidária”

“Imagem é apenas um fator que, aliás, nem é o mais importante”, aponta o professor da USP José Álvaro Moisés. Para ele, o que importa é o Brasil concentrar-se em resolver seus grandes problemas, como as desigualdades econômicas e sociais, a violência, o crime organizado e as falhas do aparato democrático brasileiro.

Segundo o professor, uma prova de que o sistema político funciona mal é a ocorrência de corrupção em todas as esferas e níveis da administração pública. Exemplo disso são os casos de corrupção envolvendo o presidente do Senado, José Sarney, que vieram a público este ano.

Para Moisés, um aspecto negativo que surge do atual otimismo associado ao Brasil é o uso, pelo governo, dessa imagem internacional do país para melhorar sua posição na disputa política interna. “A imagem do país é um bem público que não pertence a nenhum governo ou partido em particular”, diz.