Biblioteca da FD muda sob polêmica

Funcionários questionam transferência apressada, informada no último dia da gestão Rodas

Mobiliário da biblioteca empilhado durante transferência (foto: Leonardo Martin)
Mobiliário da biblioteca empilhado durante transferência (foto: Leonardo Martin)
Funcionários da Biblioteca da Faculdade de Direito (FD) alegam que a mudança de parte da Biblioteca para outro prédio não foi informada com antecedência, nem supervisionada por técnicos especializados. Segundo apurou o JC, algumas medidas tomadas pelo antigo diretor, João Grandino Rodas, não passaram pelo conhecimento da administração da FD, como o motivo da destituição de cargos da Biblioteca e a forma de contratação da empresa responsável pela mudança, a Avante Mudanças Ltda, mais conhecida como Avantec.

A Biblioteca da FD é dividida em três setores: a central, as departamentais e a circulante. As duas últimas se mudaram para um prédio que fica a 100 metros do Largo São Francisco, na Rua Senador Feijó, 205. O novo espaço físico da biblioteca circulante foi inaugurado no dia 16 de março. Quanto à liberação das departamentais, não há previsão.

A mudança foi feita para que o espaço liberado fosse transformado em salas de aula. Segundo o atual diretor da FDUSP e vice de Rodas na última gestão, Antônio Magalhães Gomes Filho, houve uma alteração na grade curricular da graduação para este ano. As turmas que eram de cerca de 100 alunos foram divididas, formando duas turmas de 50 graduandos, o que justificaria a pressa para a mudança. “Se essa mudança não tivesse sido feita em janeiro, nós não iríamos ter sala”, diz o diretor. Duas salas que pertenciam à biblioteca circulante já foram transformadas em salas de aula.

Funcionários relatam que o então diretor da FD, João Grandino Rodas, deu a informação oficial sobre a mudança das bibliotecas apenas no último dia de sua gestão. No mesmo dia, o diretor teria solicitado aos funcionários as chaves das dependências da Biblioteca e afastado servidores que ocupavam cargos de diretoria e supervisão. Os funcionários alegam que não houve argumento, por parte do diretor, que justificasse as destituições e o pedido das chaves.

Os servidores só ficaram sabendo da data da mudança na semana seguinte, primeiro dia da gestão de Magalhães.  Ao chegarem à biblioteca, parte dos livros estava encaixotada e empilhadas. Outras já estavam no novo prédio. Segundo Aníbal Cavali, funcionário da FD e diretor do Sintusp, não houve fiscalização de especialistas da Biblioteca para o início da mudança, que ocorreu durante o fim de semana após o comunicado.

Na mesma semana, Magalhães anulou as destituições das bibliotecárias, com exceção de Maria Lúcia Beffa, que ocupava o cargo de Diretora na Biblioteca. Segundo ele, não houve reversão porque o cargo já havia sido ocupado por Andreia Wojcicki, recém-chegada da Biblioteca da Escola de Enfermagem (EE).

A empresa encarregada de fazer o transporte dos livros, Avantec, teria utilizado o serviço de moradores de rua que ficam nos arredores do Largo São Francisco para carregar caixas. É o que consta no Livro de Ocorrência do Serviço de Vigilância da FD, que também registra que a biblioteca do térreo estava apenas com a porta encostada e que algumas salas no primeiro andar ficaram abertas.

Avantec

Sobre a forma de contratação da empresa, a administração da Faculdade afirmou não ter conhecimento do processo. O atual diretor soube afirmar apenas que houve um acordo entre Rodas e o Santander Universidades. A empresa, quando questionada pelo JC, se negou a dar qualquer informação sem o consentimento de João Grandino Rodas.

Sem resposta

Procurado pelo JC desde o dia 8 deste mês e já ciente dos questionamentos, Rodas não se manifestou a respeito dos esclarecimentos solicitados. Segundo a assessoria de imprensa da Reitoria, o professor não teve tempo de responder às questões, ou de marcar uma entrevista.

Falta de infraestrutura

Docentes acreditam que a mudança física não soluciona o problema da falta de espaço na Faculdade. O professor Marcus Orione, do Departamento de Direito do Trabalho, diz que o grande problema é a falta de planejamento, “uma situação que a própria faculdade não tinha condições físicas e materiais de suportar”. Magalhães admite que não haja, ainda, um planejamento que comporte o crescimento da faculdade.

Orione e alguns professores do Departamento de Direito do Trabalho se mobilizaram com um ofício em solidariedade aos funcionários da Biblioteca. O ofício será destinado ao atual diretor. Na carta, os professores solicitam que os serviços da biblioteca retornem à normalidade e se colocam à disposição para buscar soluções para o problema crônico da falta de espaço na Faculdade.