CAC e EAD se unem em Mostra de Teatro

Mostra de Teatro reúne alunos e professores para debater o papel das Artes Cênicas na contemporaneidade

Alunos e professores da Escola de Arte Dramática (EAD) e do Departamento de Artes Cênicas (CAC) da Escola de Comunicações e Arte (ECA) reuniram-se na I Mostra  de Teatro CAC + EAD para debater o papel do Teatro na contemporaneidade. “Esse era nosso mote inicial”, diz Paulo Bio Toledo, aluno do 5º ano do CAC e um dos organizadores da Mostra: “discutir o papel do Teatro na sociedade.” O evento, que aconteceu entre os dias 24 e 26 de fevereiro, foi organizado pelos estudantes das duas instituições.
“As questões de Teatro contemporâneo que a gente queria debater foram vistas à luz das diferenças de formação que existem entre as duas escolas”, afirma Camilo Schaden, aluno do 3º ano da EAD que também participou da organização da Mostra.

“O que chama a atenção no trabalho da EAD é o apuro técnico, a potência do ator, a técnica da cena”, comenta Paulo. “Nas montagens do CAC, a ênfase está em outro lugar, no conceito, na encenação”. É o que também pensa Camilo: “os trabalhos da EAD, em geral, recebem mais público de fora da escola, mas são conceitualmente muito mais pobres, rasteiros, antiquados, ainda muito calcados em personagens, em questões que o Teatro contemporâneo está indo além”. Por isso, ambos os organizadores crêem que uma maior aproximação entre as duas escolas é vantajosa para todos os estudantes.

Mantenha fora do alcance de crianças na Mostra (foto: Juliana Bittencourt)
Mantenha fora do alcance de crianças na Mostra (foto: Juliana Bittencourt)
Caráter experimental

CAC e EAD ocupam o mesmo prédio no campus da cidade universitária. Contudo, apesar da Mostra já contar com quatro anos de existência, esta foi a primeira vez que estudantes das duas instituições trabalharam juntos no evento. De acordo com os organizadores, a troca de experiências artísticas e os debates pretendem aproximar alunos e professores das duas escolas.

Além dos debates e dos fóruns de discussão, a Mostra levou aos palcos dos Teatros Miroel Silveira e Alfredo Mesquita espetáculos produzidos pelos alunos. Estudantes da EAD apresentaram Coração: casa fechada, Entrecenas e O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá. Alunos do CAC, por sua vez, trouxeram O filhote de elefante, O dissidente, Por quanto tempo se pode contemplar outra pessoa e Mantenha fora do alcance de crianças.

As montagens, de modo geral, buscaram enfatizar a experimentação dramatúrgica e a investigação de novas formas de interação entre palco e platéia, aspectos pouco explorados nos espetáculos do circuito comercial, conforme afirma Tutti Pinheiro, aluna do 3º ano do CAC. “Numa universidade pública não temos que ficar nos prestando ao mercado. Não precisamos fazer o mesmo que está sendo feito”, diz ela. Tutti integrou o elenco de O dissidente e dirigiu a montagem de O filhote de elefante.

Por quanto tempo se pode contemplar outra pessoa (foto: Fernando Siviero)
Por quanto tempo se pode contemplar outra pessoa (foto: Fernando Siviero)

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A elevada participação do público nos três dias de apresentação dos espetáculos e a presença de professores de ambas as escolas para debaterem os temas em pauta representam conquistas importantes da Mostra. Além de manter esses resultados, a expectativa dos organizadores é de que ela continue sendo um evento das duas instituições. Para tanto, foi acordada uma série de ações coletivas.

“Estou otimista de que a Mostra vai render, de que vai frutificar”, diz Paulo. Efetivamente, uma das primeiras ações coletivas derivadas do esforço de convergência iniciado no evento foi a revitalização do “Ameba”, uma sala de estudantes do CAC e da EAD, depredada desde as férias passadas. Outra medida importante é a elaboração de um jornal trazendo conteúdos produzidos por alunos das duas escolas. “Compartilhar textos vai ser como  compartilhar pensamentos”, afirma Camilo Schaden.