Falta projeto de integração entre metrô e USP

Sem projeto de integração definido, nova estação deve exigir reformulação do sistema de ônibus circulares da universidade

Com início de operação previsto para o segundo semestre, a futura estação Butantã do metrô não apenas deverá facilitar o acesso de alunos, funcionários e visitantes ao campus, mas poderá incentivar o uso de transporte coletivo e, assim, desempenhar importante papel na redução de impactos ambientais. No entanto, a realização dessas expectativas exigirá a adoção de medidas que propiciem uma eficiente interação entre esta nova via de transporte e as já vigentes na Cidade Universitária. Tais medidas incluiriam a reestruturação do atual sistema viário do campus e, em especial, a reformulação do serviço de circulares.

Conforme calculou o JC, a estação está distante cerca de 1,1 km da Portaria 1, o possibilita aos usuários se deslocarem a pé até a Cidade Universitária. No entanto, no interior do campus, eles continuarão a depender de circulares para se locomover. Considerando que a inauguração da estação venha a incentivar os que freqüentam a USP a optarem pelo metrô ao invés de seus carros, faz-se evidente que, nos moldes atuais, o sistema será insuficiente para atender, satisfatoriamente, esta acrescida demanda por ônibus circulares.

Obras no terminal de ônibus do metrô Butantã, que deve ser inaugurado ainda este ano (foto: Leonardo Martin)
Obras no terminal de ônibus do metrô Butantã, que deve ser inaugurado ainda este ano (foto: Leonardo Martin)

Consultada sobre as possibilidades de integração com o metrô, a Coordenadoria do Campus da Capital do Estado de São Paulo (Cocesp) declarou não haver nenhum projeto definido ou em fase de implementação, embora já haja discussões a respeito. Samir Hamzo, da Cocesp, afirma que a ampliação do trajeto dos circulares para fora do campus, atendendo diretamente os usuários do metrô, é uma ideia pouco cogitada.

Hamzo observa que as reuniões e negociações junto ao Metrô e à SPTrans estão apenas no início, mas que algumas propostas já têm se destacado. Entre as ideias cogitadas está a proposição, ao Metrô, da instituição de um serviço semelhante à Ponte Orca entre a estação e o campus. No entanto, o mais provável é que, ao menos em um momento inicial, o trajeto venha a ser realizado por linhas tarifadas da SPTrans.

Outra proposta que vem sendo estudada junto à SPTrans é a de que as linhas urbanas que  já servem à comunidade uspiana não fossem tarifadas ao trafegarem no interior do campus. De acordo com ele, caso fosse aprovada, esta proposta não apenas poderia desafogar o sistema de circulares, mas seria conveniente aos planos da Cocesp para o desenvolvimento de uma gestão do campus ambientalmente mais consciente. Permitindo a redução do número de circulares que trafegam pelo campus, a medida, segundo ele, contribuiria na diminuição do impacto ambiental. Samir observa, porém, que se pretende, antes, avaliar o impacto que o sistema viário local irá sofrer com o início das operações da estação para, a partir de então, implementar um projeto mais definido.

Procurado pelo JC, o Metrô declarou não haver, por parte da companhia, nenhum projeto de integração com o campus e reiterou que o serviço de Ponte Orca só é oferecido para integração entre estações de metrô e de trem. Informou, ainda, que está em fase de conclusão a construção de um terminal de ônibus urbanos integrado à estação Butantã, que será operado pela SPTrans. Já a assessoria de imprensa da SPTrans, questionada sobre o trajeto de uma possível linha de integração entre o campus e o metrô e sobre o possível remanejamento das linhas urbanas que já servem à USP, informou que a empresa aguarda a conclusão das obras do terminal para se pronunciar definitivamente sobre o assunto.