Bandejão reabre sem alterações

Após quase quatro meses fechado no jantar, bandejão da Física volta a funcionar sem reforma por problemas na licitação
Depois de esperar uma hora, alunos comem no chão devido à falta de lugares (foto: Alice Agnelli)
Depois de esperar uma hora, alunos comem no chão devido à falta de lugares (foto: Alice Agnelli)

De 1º de outubro de 2009 a 22 de fevereiro de 2010, o bandejão da Física ficou fechado no período da janta. O motivo foi a realização de uma suposta reforma de ampliação e modernização no restaurante, segundo o então diretor do Instituto de Física, prof. Alejandro Szanto. Após a reabertura do restaurante, constata-se que nenhuma reforma foi realizada.

Segundo o arquiteto Sérgio Luiz Assumpção, diretor de planejamento e responsável pela Coordenadoria do Espaço Físico (Coesf), pretende-se fazer uma reforma no restaurante da Física. Não apenas nele, mas também em todo o sistema de alimentação da Cidade Universitária. Há o plano de se construir uma cozinha central que encaminhará as refeições para os outros restaurantes do campus. “Com isso, os restaurantes existentes seriam aumentados na área de refeição e teriam mais lugares”, explica. Até agora, o plano não saiu do papel por problemas burocráticos.

Inicialmente, estava previsto que as obras fossem realizadas em conjunto e que apenas começassem neste ano. “O diretor da Física à época achou que estavam muito complicadas as filas e quis que fizéssemos a reforma do restaurante dele o mais rápido possível”, diz Assumpção. Como o projeto de reforma do restaurante da Física estava praticamente pronto, deu-se início ao processo de licitação em 15 de setembro de 2009.

A empreiteira ganhadora da licitação, no entanto, desistiu da reforma. Foi consultado o segundo ganhador – que, por lei, deve aceitar o preço proposto pela firma vencedora – e ele também recusou. “As empreiteiras normalmente acham pelo em casca de ovo quando elas não querem aceitar a obra ou quando elas percebem que pegaram a obra por um preço muito baixo, o que eu acho que foi o caso”, diz Assumpção. O custo de previsão da obra, em 2009, era de aproximadamente R$ 910 mil, valor que provavelmente será aumentado neste ano com o ajuste das planilhas orçamentárias. Sem empreiteira, não houve a reforma e, em três de dezembro de 2009, a licitação foi revogada. A nova licitação sairá provavelmente em abril e a obra começará somente entre três a quatro meses.

Sem obra, sem bandejão

Mesmo sem conhecimento da data da obra, o bandejão foi fechado. Como a reforma não seria mais realizada a tempo, por problemas no processo licitatório no ano passado, o restaurante reabriu no final de fevereiro deste ano. “O que deu errado é que teve esse descompasso, então pararam [as atividades], mas tiveram que retomar porque não adianta ficar fechado até a próxima licitação, que deve sair só agora”, diz Assumpção.

Para o professor Renato Jardim, atual diretor do Instituto de Física, o IF não se responsabiliza pelo tempo em que o restaurante ficou fechado. “Ele está aqui por uma questão histórica e por virtude de sua localização. A Física não tem nada a ver com isso”. E continua: “como a obra é da Coseas, a gente não tem informações”. Por ter sido empossado há apenas três semanas, Jardim também afirma que não tem conhecimento do que ocorreu com o restaurante durante a gestão anterior.

Segundo a administração do Instituto de Física, “o recesso do serviço é um procedimento da Coseas para garantir a rotatividade do pessoal e o gozo de férias dos funcionários”. Essa seria então a explicação de o bandejão ter ficado fechado, contrariando as explicações anteriormente dadas pelo ex-diretor Alejandro Szanto, que preferiu não se manifestar sobre o assunto.

Vítimas  do descompasso

Sem o bandejão, diversos alunos tiveram suas rotinas alteradas. A maioria deles teve que andar mais para poder jantar, trocando-o pelos outros restaurantes, o que aumentou a fila nesses locais.

Alguns ficaram sem jantar, como Alexandre Wada, aluno da Física que afirma ter perdido várias refeições devido à interdição. Cristina Santos, aluna da ECA, também comenta que sua irmã, estudante do IME, não teve onde jantar por ser vegetariana, já que o restaurante Central, que passou a oferecer a opção vegetariana, é muito distante para ela.