O Brasil tornou-se um dos países que mais exibem títulos documentais em suas salas de cinema, mesmo no circuito comercial. A professora Maria Dora Mourão acredita já existir no país uma cultura do documentário consolidada. “O aumento do interesse pela produção documental, no meu ponto de vista, se deve ao Festival É Tudo Verdade, que possibilitou acesso à produção nacional e internacional”, diz.
Para Eduardo Morettin, professor de Audiovisual, o fenômeno é inverso. “A própria existência do Festival é significativa do espaço cada vez maior que o documentário adquiriu”. Um dos motivos para o aumento do interesse pelo cinema documental no país, de acordo com ele, decorreu do prestígio da produção de alguns documentaristas brasileiros, como Eduardo Coutinho e João Moreira Salles, e no cenário internacional, Michael Moore e Errol Morris.
Apesar da difusão do formato, existem algumas barreiras para a sua valorização. Uma delas é a ausência de programas desse gênero na televisão aberta brasileira, ao contrário de outros países, conforme aponta a professora Esther Hamburger. De qualquer forma, a expansão dos espaços do documentário é uma tendência no mundo todo. “Ao mesmo tempo em que o mundo está mais virtual, existe uma sede do real”, reitera a professora.
A oposição entre real e virtual está presente no próprio gênero documental, uma vez que nele se evidencia a interpretação do realizador em relação às imagens que registra. “Hoje, de modo geral, o documentário se assume como alguém que lê [a realidade] e se coloca diante dela”, afirma Morettin.