Salas de estudo causam desentendimentos

Alunos da Física reclamam das más condições das salas de estudo; diretoria diz não ter conhecimento de reinvidicações
Sala de estudo da Física; no detalhe, cadeiras quebradas ocupam uma sala (fotos: Márcio Silva e Alice Agnelli)
Sala de estudo da Física; no detalhe, cadeiras quebradas ocupam uma sala (fotos: Márcio Silva e Alice Agnelli)

Mal ventilada, com cadeiras amontoadas ao fundo e repleta de alunos que disputam por um lugar para sentar. Assim é a sala de estudo localizada ao lado da Biblioteca do Instituto de Física (IF), em seus horários de pico. Quem não consegue um lugar nela, tenta um espaço nas salas de número 202 e 213 do edifício principal – isso quando não estão reservadas para outras atividades, como cursos de inglês. Não há salas que comportem a demanda.

O problema agravou-se em junho de 2009, quando salas foram fechadas para impedir possíveis furtos de aparelhos datashow. O diretor da Física, Renato Jardim, explica que foram escolhidas apenas duas salas para serem abertas, justamente as localizadas ao lado da diretoria de ensino. Assim, haveria um maior controle. Para Márcio da Silva, representante discente da graduação, “o que irrita é que o aluno é tratado como um ladrão em potencial”.

Além disso, outra explicação dada à época pela administração do IF foi que dessa forma se diminuiria o uso de energia elétrica. “Eles não mostraram nenhum dado comprovando a redução de energia”, reclama o estudante Atenágoras Silva. “Mas mesmo que mostrem, como é que você diz que vale mais a pena economizar cem reais de energia elétrica do que investir no ensino?”, questiona Márcio. Para André Oliveira, diretor do Centro Acadêmico da Física (Cefisma), “essa economia pode ser feita de outra forma, não limitando o estudo”.

Valmir Chitta, ex-diretor de ensino, nega que haja sido dada essa explicação, apesar de haver um e-mail da administração do IF que comprove. Para ele, a segurança é o real motivo. “Não que a gente acredite que os próprios alunos vão roubar os equipamentos”, diz. A diretora de ensino Ana Regina Blak afirma: “mas porque qualquer pessoa pode ter acesso ao prédio”. Já Kaline Coutinho, suplente da atual diretora de ensino, apresenta outra razão: evitar que os alunos desregulem os aparelhos.

Falta de mobilização

As reclamações são recorrentes pelos corredores da Física, mas Jardim afirma que não pode fazer nada por não ter conhecimento formal sobre o assunto. “Nunca houve reclamação coletiva nestes trinta anos”. Por outro lado, o ex-presidente do Centro Acadêmico, Jullian Santos, diz que no ano passado foi entregue uma carta para o então diretor Alejandro Szanto. Não houve resposta. Ainda assim, ele confirma que o problema da falta de mobilização dos alunos é recorrente: “eu ouvia reclamações e sempre avisava que ia ter reuniões. Poucos compareciam”.

Já os alunos da atual gestão do Cefisma explicam que ainda não fizeram uma reclamação oficial por estarem esperando a consolidação do novo corpo da diretoria de ensino. “A gente ficou engessado por causa dessa troca de gestão”, explica Bruno Serminaro, atual presidente do CA.

Promessas

Ainda assim, Jardim promete melhorar a sala de estudo da Biblioteca. “Não tenha a menor dúvida: ela receberá mobiliário novo ou o antigo será consertado”. Como medida de emergência, já foi enviado um pedido para compra de 140 cadeiras. Quanto as outras reclamações, ele aguarda uma conversa com o Cefisma.

Blak também espera conversar tanto com o Centro Acadêmico quanto com o diretor sobre o assunto. Antes disso, porém, ela pretende fazer um levantamento dos dados e relatórios a respeito. “Eu preciso ver como estão as salas durante o funcionamento”.

Reforma

Blak e diversos estudantes concordam que somente com uma reforma pode-se melhorar a sala de estudo da Biblioteca.

No ano passado, o Núcleo Pró-Sala do campus da USP em São Carlos chegou a fazer um projeto. Ele foi entregue à diretoria, que encaminhou para a então gestão do Cefisma, para que houvesse um parecer dos alunos. Não houve resposta. Segundo Chitta por esse motivo não foi dado prosseguimento ao projeto, que continua sem andamento.

Os alunos, por outro lado, garantem que até o final de abril enviarão para os diretores as novas propostas.