Sete blocos, muitas realidades

Coseas ocupadaS.M.G. é mestranda em Letras e mora há um ano no alojamento destinado à pós-graduação – por falta de processo seletivo para a moradia, ainda espera pela vaga fixa no Crusp. ”No alojamento não tem geladeira, nesse bloco não há sala de estudos. Fogão, só no terceiro ou quinto andar, quando não acaba o gás – e é assim que tratam um pesquisador. E tem quem more aqui há 16 anos, tem quem tenha carro e bolsa de doutorado, e a Coseas não exerce seu papel de verificar. E tem quem precise de moradia e não consiga. Ocupar talvez seja uma forma de chamar atenção, já que só a voz do aluno, pelo discurso ou por procedimentos legais muitas vezes não é suficiente.”

Já Elton Ribeiro, calouro de Letras e há um mês no alojamento da graduação, considera a infraestrutura e tratamento muito bons. ”Quando cheguei, fui encaminhado ao HU pelas assistentes sociais, para tratar minha depressão, e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Considero a ocupação uma violência, e perigosa a reivindicação de autonomia estudantil na gestão da moradia. Onde não existe a administração pública não existe o estado de direito, e aí o que prevalece?”

Sara Freitas, mestranda em sociologia e moradora do Crusp desde 2004, explica que os moradores de pós-graduação, reunidos em assembleia no dia 29, concordam com as reivindicações, mas não com a ocupação. ”A Coseas é uma mera peça de xadrez, devemos ir direto à reitoria, pois lá se define a política da USP. A universidade nega essa moradia estudantil como pedaço seu, mas do outro lado temos alunos produzindo. A moradia existe e ela deve ser assumida de fato. Algum reitor morou aqui? Sequer visitam esse espaço? Convido a diretoria, fora a Rosa Godoy, a visitar o Crusp e escutar o coletivo de moradores, conferir a precariedade desses blocos.”