USP oferece curso de graduação a distância pela Univesp

No dia 23 de março um convênio entre o reitor João Grandino Rodas e o governo do Estado formalizou o primeiro curso a distância da USP na Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), voltado à licenciatura em Ciências.

A decisão gerou polêmica em torno das circunstâncias do acordo. A inclusão da USP foi um dos motivos da greve dos docentes no ano passado e tema recorrente nas últimas eleições para reitor. Devido à falta de entendimento, o convênio estava suspenso.

Para a diretora do Centro Acadêmico da Faculdade de Educação (FE), Stephanie Maluf, é difícil entender porque a unidade não foi consultada, já que é o centro de formação de educadores da USP. Em sua visão, o projeto se baseia em pressupostos que não se sustentam, como a o aumento das vagas e o uso das tecnologias como recurso fundamental ao ensino. “Não somos contra o aumento de vagas nem do uso da tecnologia, defendemos o debate e a valorização da formação estudantil, que também está na convivência fora da sala de aula”.

Ainda não há data para o processo seletivo. O confirmado é que serão 360 vagas divididas em quatro campi: Butantã, Piracicaba, Ribeirão Preto e São Carlos. A graduação será aberta a todos, mas os professores da rede pública e privada serão beneficiados com bônus.

O curso terá duração de quatro anos. Os alunos assistirão às aulas pelo site da Univesp e por teleconferências. As dúvidas serão respondidas por monitores que acompanharão as teleconferências. O caráter presencial se dará aos sábados, dia reservado para os alunos frequentarem o campus.

Menor custo do ensino

Um aspecto relevante para o professor da FE, César Minto, é o barateamento do ensino. “A USP gasta, aproximadamente R$ 10 mil por estudante ao ano, já no modelo semipresencial, o gasto estimado é de R$ 3 mil pelo curso todo. Precisamos estabelecer que a formação do educador acontece no diálogo entre aluno e docente e no curso a distância essa relação é prejudicada”.

Com experiência em desenvolvimento de políticas públicas para a educação, César irá acompanhar os resultados dos cursos a distância. “Depois de analisar esse período podemos direcionar as ideias, por enquanto tudo está em aberto, por mais que teorizemos a respeito”.

Já é discutido pelo Centro Acadêmico propostas para retomar o debate sobre a graduação a distância. Segundo Stephanie, a possibilidade de mobilização pela revogação do projeto não está descartada. Uma assembleia geral dos estudantes acontecerá no próximo dia 8/4 (quinta-feira), na FAU.

Errata
Diferentemente do publicado na edição impressa do JC, a USP gasta anualmente R$ 10 mil por estudante, e não R$ 20 mil. O valor já foi corrigido no JC online.