Agente da Guarda Universitária é acusado de agredir duas estudantes

As alunas Sylvia Sabrina Santander e Aline Camoles acusam um agente da Guarda Universitária (GU) de agressão. Segundo o Boletim de Ocorrência (BO), registrado na 51ª DP, o fato teria ocorrido no dia 18 de abril, próximo ao restaurante central e bloco F do Crusp.

Aline alega que, naquela noite, a GU tentou interferir em três festas que ocorriam no CRUSP. Uma confusão teria começado quando dois guardas impediram três estudantes estrangeiras de voltar aos quartos, sem razão aparente, e Aline se colocou em sua defesa.

Em seguida, segundo o BO, “ o averiguado agrediu com quatro ‘ombradas’ a vítima Aline e deu-lhe uma chave de braço. Sylvia gritou para aquele indivíduo ‘aqui você não vai bater em mulher’. Em ato contínuo,[…] agrediu Sylvia, com um tapa e um soco no rosto”. Entre as testemunhas, Amanda, aluna da Filosofia, descreve a situação como “de extrema covardia”. Ninguém sabe o nome do agente.
As vítimas prestaram queixa no dia 20. No mesmo dia, Adusp, DCE, Sintusp

e Amorcrusp foram comunicados, e articularam um pedido de audiência, protocolado pela Reitoria no dia 23. Não houve resposta.

Contradição

Enquanto Antonio Marcos Massola, coordenador da Coordenadoria do Campus da Capital (Cocesp), diz que está apurando o caso “extraoficialmente”, a assessoria de imprensa da Reitoria publica a seguinte posição: “A Coordenadoria [Coseas] afirma que não houve, por parte desses profissionais, nenhum tipo de agressão”. Questionada sobre o processo de apuração que levou a essa conclusão, ela se negou a responder. A Reitoria ainda afirma que “os agentes da GU e funcionários da Coseas foram chamados pelos moradores do CRUSP por conta do barulho e inconveniência decorrente do evento”.

A Cocesp responde pela Guarda e só pode iniciar o procedimento de averiguação formal depois de receber uma denúncia oficial da Reitoria. Massola diz que, se acusação for confirmada, a princípio, somente o indivíduo será responsabilizado. Ele nega que a agressão se estabeleça numa relação instituição contra estudante: “Isso pode ser transferido mais pra cima, desde que ele tenha feito o que foi mandado. Mas o reitor nunca manda agredir ninguém, então a instituição, que é o reitor, não está na jogada. Quem está na jogada é o indivíduo”.

Cocesp diz não ser responsável por atos individuais (foto: Felipe Fontes)
Cocesp diz não ser responsável por atos individuais (foto: Felipe Fontes)

Além

A vítima Sylvia, que cursa Pedagogia, acredita que a discussão vai além da simples punição do culpado. Lisete Arelaro, diretora da Faculdade de Educação, concorda: “Esse é um procedimento formal e burocrático, é importante e precisa ser feito. Mas como essa não é uma situação inédita na USP, temos que nos preocupar com o preparo destes profissionais”. Ela acredita que a GU deve ser melhor preparada, e orientada quanto a forma de lidar com jovens.

Lisete ainda afirma: “A Sylvia é boa aluna, competente e preparada. Não acredito que ela mentiria”. Ela aconselha as vítimas a insistirem no pedido de apuração, que deve ser entregue, com cópia, para Cocesp e Coseas, diretamente ao chefe de gabinete. “É importante que a Reitoria esteja ciente da situação. Tenho certeza de que o professor [Carlos]Amadio é muito cuidadoso quanto a esse tipo de questão”.