Cocesp nega fechamento de portão da São Remo

Coordenador afirma que nada será feito sem consentimento da comunidade; matéria do portal R7 associa assaltos ao portão

O professor responsável pela Coordenadoria do Campus da Capital (Cocesp), Antonio Massola, nega o rumor de que a USP fecharia o portão de pedestres da São Remo (SR), comunidade vizinha ao campus. O boato começou com uma visita da Rede Record ao local, e mobilizou quase 4 mil pessoas em um abaixo-assinado.

No dia 4 de maio, Massola reuniu-se com representantes da SR para aclarar a situação: “Nós dissemos que não vamos fechá-lo, e marcamos mais uma reunião”. No encontro, eles discutirão uma reforma nesta portaria, a possibilidade de tapar os buracos do muro que separa o campus da SR e de fechar o portão da meianoite às 5 da manhã, o que Massola diz ser interesse dos moradores.

Apesar do aparente consentimento dos presentes na reunião, o fechamento do portão neste período não é aprovado: “Essa restrição é vista como o primeiro passo pra fechar o portão de vez. A comunidade nunca concordou”, diz Daniela Carvalho, uma das representantes presentes. Mas Massola garante: “Todas as decisões serão conjuntas”.

Inicio do boato

Segundo moradores, o boato começou depois que a Record foi gravar no portão, dizendo que este seria fechado. No dia 22 de abril, o portal R7 publicou a matéria “USP registra aumento de 50% nos roubos em um ano”. O texto é acompanhado do vídeo que mostra assaltos e agressões, gravados por câmeras de segurança, segundo o próprio site.

A matéria, que repercutiu muito na comunidade USP, associa os assaltos ao portão da SR: “A fuga [dos ladrões] é pelo portão que dá acesso a uma das comunidades”. Além disso, o fechamento do portão é insinuado na matéria: “Questionada (…) dona da barraca ao lado do portão, diz que é impossível fechar o acesso, pois a maioria dos moradores dali trabalha dentro da USP”.

Massola afirma que dados da matéria são falsos. “Os 50% eles provavelmente tiraram do site da Cocesp, mas arredondaram”, afirma, e ainda lembra que as informações não podem ser analisadas de forma objetiva devido a grande variação dos números. E completa: “As imagens, que eles dizem ser de jameiro de 2010, são de 2009”.

Imagens

Ainda não se sabe como as imagens de segurança vazaram. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, elas só podem vir de dois órgãos: a própria USP ou DP da região. O delegado Italo Miranda, da delegacia que cuida de ocorrências do campus (93ª DP), afirma que nunca possuiu as imagens exibidas. Massola, por sua vez, diz que não as cedeu: “A polícia as solicitou, isso foi documentado e entregue”. Ele não mostrou o documento.

A Record se contradiz. Na matéria é dito que as imagens são de câmeras de segurança, porém consta em seus registros internos que elas são de “cinegrafistas amadores/cedidas por estudantes”.

Movimento no portão é maior entre 5h e 6h da manhã (foto: Mariana Midori)
Movimento no portão é maior entre 5h e 6h da manhã (foto: Mariana Midori)