Funcionários da Reitoria aderem à greve após piquete

Mesmo com liminar que multa unidades com piquete, categoria fecha Reitoria e greve segue sem novos planos de negociação

Greve/2010Contabilizando apenas um voto contra, a assembleia dos funcionários da Reitoria, que reuniu cerca de 100 pessoas, decidiu pela adesão da unidade à greve do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp). O sindicato comemorou a nova adesão que atinge diretamente o reitor João Grandino Rodas.

Desde as 6h, membros do Sintusp já fechavam as entradas do prédio da Reitoria para impedir o acesso de funcionários. Durante a assembleia, Magno de Carvalho, diretor do Sintusp, disse que a greve tenderia a ficar “morna, caso o reitor não fosse diretamente atingido”. Logo após a decisão pela greve e pela realização de piquetes, Aníbal Cavali, outro diretor do Sintusp, declarou: “Agora ele [reitor] vai ter que arrumar um lugar pra despachar, pois hoje ele foi despachado daqui”.

Reunindo cerca de 100 funcionários da Reitoria, assembleia delibera medida que visa pressionar negociação com reitor pelo fim da greve (foto: Fabrício Lobel)
Reunindo cerca de 100 funcionários da Reitoria, assembleia delibera medida que visa pressionar negociação com reitor pelo fim da greve (foto: Fabrício Lobel)

A assessoria de imprensa da USP não se pronunciou sobre o fato. Por telefone, Rodas disse que paralisações do prédio da Reitoria têm se tornado rotineiros nos últimos anos. Ele afirma que são necessárias reuniões com sua equipe para a análise completa da situação de toda a universidade, em relação à greve. “Não podemos simplesmente agir em reação a um ato”. Quanto aos locais em que funcionarão os órgãos da Reitoria que não paralisaram, o reitor informa que existem opções em estudo para contornar a situação “Vamos buscar que a paralisação do espaço físico não signifique a paralisação da Reitoria”.

Funcionários e alunos reuniram-se antes das 6h para bloquear o prédio (foto: Fabrício Lobel)
Funcionários e alunos reuniram-se antes das 6h para bloquear o prédio (foto: Fabrício Lobel)

Mercenários

A indisposição entre as lideranças do Sintusp e Rodas aumentou após as declarações do reitor em entrevista à Rádio Bandeirantes, no dia 8 de maio. Rodas afirmou que a USP está sob o controle de “mercenários” contratados pelo Sintusp para impedir o acesso de funcionários aos prédios da universidade. Magno negou as acusações e afirmou que a decisão de fechar determinados prédios durante a greve seguiu critérios de legitimidade, tendo sido tomada em assembleias gerais de funcionários. Magno ainda falou que o sindicato estudaria medidas judiciais contra as declarações.

Negociações

Na última reunião do Conselho de Reitores da USP Unesp e Unicamp (Cruesp), em 17 de maio, foi negada a proposta de isonomia salarial, principal reivindicação da Pauta Unificada dos grevistas. O desentendimento entre o Sintusp e o Cruesp teve início em fevereiro, quando foi concedido 6% de aumento salarial aos professores sem que o benefício se estendesse também aos funcionários.

O Cruesp manteve a proposta de reajuste salarial de 6,57% e não foi agendada uma nova negociação.