Nova tecnologia amplia parcerias entre Microsoft e USP e debate sobre softwares

E se o risco da pirataria nos computadores da USP – noticiado na última edição do Jornal do Campus – fosse afastado por uma nova tecnologia? Essa é a proposta do Cloud Computing (Computação em Nuvem), divulgado em recente palestra na USP pelo Presidente Mundial da Microsoft, Steve Ballmer.

Para a empresa, manter aplicativos como o Word ou o Excel rodando na web (a nuvem) dispensa a compra de pacotes de instalação e pode resolver o problema da falsificação de programas. Para Felipe Sanches, desenvolvedor de software livre, a questão não é tão binária assim: há desvantagens bem maiores que superam não ter de pagar altas cifras por um programa.

Aos estudantes da USP, contudo, “a Microsoft oferece software gratuitamente”, diz Amintas Neto. O gerente executivo de novas tecnologias da empresa lembra outras parcerias com a Universidade, como os laboratórios de informática da Poli e o projeto de Interoperabilidade do IME. Recentemente fechados, os laboratórios serão reabertos no próximo semestre após reformas, enquanto o projeto do Instituto de Matemática e Estatística procura “juntar Windows com GNU-Linux”, afirma Amintas.

Na esteira desses projetos vem o Cloud Computing, que eliminaria três problemas comuns à USP: hardware, software e infra-estrutura. O corpo, a mente e a manutenção de um computador, respectivamente. Neto afirma que os aplicativos seriam aprimorados sempre pela experiência do usuário e exemplifica: “uma pesquisa com células-tronco pode rodar em diversos computadores, aumentando a velocidade dos cálculos e dos resultados”.

Contra a parceria público-privada

Felipe Sanches, do PoliGNU, não acredita que pesquisas acadêmicas devam ser espalhadas pela nuvem. Membro do grupo de estudos do software livre, Sanches se opõe à parceria com a iniciativa privada e diz: “A USP deveria ter seus servidores para controlar suas pesquisas”. O desenvolvedor vai além e afirma que “a Interoperabilidade é balela”, cujo objetivo é, assim como na computação em nuvem, controle de dados e conhecimento.

Tal qual uma ferramenta que pode ser modificada por qualquer um que conheça seu mecanismo, o software livre cria uma comunidade em torno de si, afirma Sanches. Na USP esta cena é incipiente: apenas 3% dos programas licenciados pelo CCE (Centro de Computação Eletrônica) são de livres. No contra-fluxo de dados, o PoliGNU monta oficinas, palestras e “install fests” – evento em que computadores recebem aplicativos de código aberto que funcionam como Word, Corel Draw, Photoshop, etc.

Infográfico: Entenda o cloud computing (arte: Felipe Maia)