Coordenador da Coseas fala sobre saque

Em entrevista ao JC, Waldyr Antônio Jorge diz que acusações da AmorCrusp são inverídicas
Estoque ficou completamente vazio após saque de mais de 12 toneladas (foto: Eduardo Graziani)
Estoque ficou completamente vazio após saque de mais de 12 toneladas (foto: Eduardo Graziani)

Jornal do Campus: Como estava se dando a entrega de alimentos aos alunos?
Waldyr Jorge: Durante a semana os alunos entravam em contato com a secretaria da Coseas, na Divisão de Alimentação, que separava os alimentos in natura e disponibilizava para os alunos, sempre as sextas-feiras ao meio dia. Isso acontecia sempre com os alunos avisando que iriam buscar esses alimentos. Após isso nós sabemos que os próprios alunos cuidavam da distribuição entre os cruspianos.

JC: É procedente a acusação de duas semanas sem o recebimento de alimento?
WJ: Não é verdade. Na semana do Corpus Christi nós aguardamos os alunos no bandejão central, ao meio dia, para que eles recebessem os alimentos. Naquela semana, dado o feriado, eles não se comunicaram conosco e não apareceram para retirar o material. Na sexta-feira seguinte ( 11 de junho ) durante toda a semana eles também não entraram em contato conosco. Porém, independente disso nós estávamos preparados para fazer a entrega dos alimentos na sexta-feira, dia 11.

JC: Que tipo de alimento estava sendo destinado?
WJ: A relação ia de itens básicos como arroz e feijão, passando por carne, legumes e frutas. A lista foi se alterando de uma semana para a outra de acordo com a disponibilidade de estoque, porém sempre respeitando o cardápio montado pelos nutricionistas da Coseas (veja a relação completa, bem como o contra-recibo assinado por representantes do Amorcrusp, que receberam os alimentos em quatro oportunidades).

JC: Qual foi o montante furtado?
WJ: Não há um número exato pois a polícia terá que fazer uma perícia, porém calcula-se algo em torno de mais de 12 toneladas de alimento, de 64 itens diferentes. Além disso um freezer também foi removido de dentro do depósito. Foram danificadas as duas portas de entrada, o alambrado de proteção, duas portas de aço, duas de alumínio, uma grade de ferro para a proteção do almoxarifado e cinco portas internas foram arrombadas, sendo quatro delas de câmaras frigoríficas.

JC: Quantas pessoas participaram do ato?
WJ: Eu acredito que tenham sido, no máximo, 30 pessoas, o que também consta no boletim de ocorrência.

JC: Os invasores questionam que acharam itens, como pêssego, que nunca foi servido nos restaurantes, o que o senhor tem a dizer sobre isso?
WJ: A questão é que são alimentos que tem um prazo de validade e são sazonais. A informação que eu recebi da Divisão de Alimentação é que eles vão periodicamente mudando o cardápio, por exemplo: quando acaba a cota da goiabada, eles substituem pela marmelada, e depois pelo pêssego. Se eles se acharam surpresos é que antes não se compravam tais alimentos e agora se compra. Isso seria repassado para o usuário, mas não deram nem chance de ser repassado.

JC: O senhor acredita que membros do Sintusp possam ter participado do ato?
WJ: Eu quero crer que não. Atitudes de vandalismo, desse perfil, não são de pessoas responsáveis tanto do sindicato da USP, tanto de alunos responsáveis.

JC: Haverá retomada da distribuição dos alimentos?
WJ: Nós não temos alimento estocado. Eu vou distribuir o que? Todo o alimento em que se faria a projeção de distribuição foi saqueado e não há como fazer compras pois a USP está parada.

JC: Quais as medidas que serão tomadas para previnir novos saques? Haverá punição aos invasores?
WJ: Vamos colocar portas seguras e segurança externa. Ela está lá para impedir que as pessoas entrem, mas como fazer isso? Com confronto físico? É a pergunta que fica. Quanto aos participantes desse ato, obrigatoriamente a consultoria jurídica terá que abrir uma sindicância e a partir do boletim de ocorrência tomar as medidas legais e cabíveis.

JC: Qual a posição do reitor frente a essa situação?
WJ: Eu não tenho procuração para falar em nome do Reitor. Sei do seu caráter ilibado, democrático, legalista e de sua capacidade diplomática para gerenciar conflitos. Quanto a mim , expresso minha decepção diante destes atos de vandalismo que vem macular o passado de luta e ideais da Universidade de São Paulo.