ECA pode ganhar novo prédio; comunidade é reticente

Representantes de funcionários e alunos pedem tempo para discutir proposta, apesar do consenso em reformas estruturais

A diretoria da Escola de Comunicação e Artes (ECA) acaba de receber a proposta de construção de um novo prédio, em detrimento de eventuais reformas das instalações atuais. No ano passado, houve a tentativa de emplacar uma reforma na escola e 3 milhões de reais, de um orçamento de 6 milhões, foram liberados pela reitoria.

“Tentamos no ano passado fazer na prainha [área verde ao lado do prédio central da ECA] um bloco que seria um grande auditório para 400 pessoas, mais um grande espaço que seria de salas de aula e biblioteca; mas é preciso negociar com alunos e funcionários”, afirma Mauro Wilton de Souza, diretor da unidade. De acordo com ele, houve uma revisão do projeto inicial, dado o caráter público da prainha, seguida de uma ampliação do projeto.

A reitoria, após quase dois meses de estudo, respondeu ao diretor com a sugestão de construção de uma “nova ECA”, no lugar de reformas. “Onde vai ser o prédio e de que jeito será, eu não faço a menor idéia. Reuni o Conselho Técnico Administrativo (CTA) e perguntei: ‘a gente diz para o reitor que vai ou não discutir a proposta?'”, diz o diretor. A resposta foi positiva. Em reunião extraordinária na semana passada, o CTA da ECA optou por avaliar a proposta da reitoria.

Os representantes dos estudantes e dos funcionários no conselho foram reticentes sobre a proposta. Pedro Sibahi, representante discente, acredita que, apesar do consenso acerca dos problemas estruturais da ECA, um posicionamento seu no conselho só poderia ser tomado depois de uma assembléia de estudantes. Magno de Carvalho, do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), afirma que o posicionamento dos funcionários, tirado em assembléia, qualifica a proposta de mudança como absurda.

“É preciso melhorar as instalações, os equipamentos, mas não gastar uma fortuna; o CTR (Departamento de Cinema, Rádio e Televisão) acabou de ser inaugurado, uma fortuna foi gasta em equipamentos e instalações de rádio, cinema e TV”, diz. Magno questiona ainda o montante a ser investido na construção do novo prédio e as negativas da reitoria frente às reivindicações salariais dos funcionários. “Se dinheiro não é problema, por que deixar estourar essa crise?”, afirma, referindo-se à atual greve dos funcionários. Questionado sobre uma possível mudança da sede do Sintusp, Magno afirma que os funcionários não vão deixar o local.

Segundo Mauro Wilton, além da construção do novo prédio, encontra-se a necessidade de uma reforma curricular em toda a escola. Para Sibahi, apesar de ser uma iniciativa da direção da escola, as discussões sobre reformas curriculares estão paradas. “A diretoria e os departamentos não estão tocando a discussão com afinco; por outro lado, os estudantes não estão pressionando para que a discussão aconteça”, diz. No entanto, o diretor afirma não ver sentido na construção de um novo prédio sem que a revisão das estruturas curriculares aconteça.

Projeto pode alterar espaços de integração de alunos (foto: Mariana Midori)
Projeto pode alterar espaços de integração de alunos (foto: Mariana Midori)